Banco Central reduz Selic em 0,50 ponto, para 12,25% ao ano, e cita riscos externos

Copom reafirmou a defesa de metas fiscais e disse que juros ainda precisam ficar em patamar contracionista; comunicado deu destaque ao contexto internacional e às expectativas de inflação

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Bloomberg Línea — O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a Selic em 0,50 ponto percentual, de 12,75% para 12,25% ao ano, nesta quarta-feira (1º). A decisão era amplamente esperada por economistas do mercado financeiro, uma vez que a autoridade monetária iniciou um ciclo de corte de juros em agosto e sinalizou mais reduções à frente. Foi a terceira diminuição seguida de 0,50 ponto da taxa básica de juros. Também nesta quarta, o Federal Reserve dos Estados Unidos manteve a taxa de referência no atual patamar de 5,25% e 5,50% ao ano.

No comunicado, o comitê do Banco Central destacou os riscos internacionais como fatores que devem ser acompanhados. Entre eles, estão as taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos em patamar alto, a resiliência dos núcleos de inflação em níveis elevados em diversos países e as tensões geopolíticas.

O Copom indicou que os membros, unanimemente, esperam uma redução de mesma magnitude nas próximas reuniões, mas ressaltou que ainda é necessário manter a política num patamar restritivo.

“O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, afirma um trecho do comunicado.

De acordo com o Banco Central, as expectativas de inflação tiveram uma reancoragem “apenas parcial”. Expectativas de inflação para 2023, 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,6%, 3,9% e 3,5%, respectivamente. A meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3,25% neste ano e de 3% nos dois anos seguintes.

Em sua decisão anterior, o Copom havia defendido a execução das metas fiscais definidas pelo governo para 2024, de zerar o déficit primário, que seriam necessária para a ancoragem das expectativas de inflação. No comunicado desta quarta, o Comitê reafirmou a defesa, mas sem se aprofundar no ponto.

Na última semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não seria possível honrar o compromisso do próprio governo de atingir um déficit primário zero em 2024.

Desde então, economistas e o mercado financeiro indicaram que, caso haja alguma mudança nesta meta, ou uma piora do quadro fiscal, o ciclo de queda nos juros podem atingir um limite mais alto que o previsto.

Oficialmente, porém, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mantém o compromisso com elevar a arrecadação para fechar as contas no próximo ano em equilíbrio.

No Boletim Focus da última segunda-feira, a expectativa dos analistas para a Selic no final de 2024 subiu de 9% para 9,25%.

-- Em atualização.

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