Bloomberg — O Banco Central divulgou nesta terça-feira (25) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que decidiu por unanimidade na semana passada aumentar em um ponto percentual a taxa Selic para 14,25% ao ano.
Na ata, os diretores do BC sinalizaram que seu ciclo de aumento das taxas de juros continuará diante de uma perspectiva adversa para a inflação.
Segundo os diretores do BC, os preços locais dos alimentos estão altos e também podem elevar os custos em outros setores, enquanto a inflação de serviços se acelerou nas leituras recentes, escreveram os diretores.
“Devido às defasagens inerentes ao ciclo monetário em curso, o Comitê também considerou apropriado comunicar que o próximo movimento seria de menor magnitude”, escreveram no documento publicado na terça-feira.
"Além disso, dada a incerteza elevada, o Comitê decidiu indicar apenas a direção do próximo movimento."

Os diretores do BC aumentaram os custos dos empréstimos em 3,75 pontos percentuais desde setembro do ano passado, uma vez que a inflação está aquecida na maior economia da América Latina.
Fatores como condições climáticas extremas e oscilações do real pressionaram o custo de vida.
Embora os gastos do governo e o baixo índice de desemprego estejam impulsionando a demanda, há alguns sinais de desaceleração da atividade.
Os preços ao consumidor subiram 1,31% em fevereiro, marcando o maior aumento mensal em três anos, impulsionado por habitação, educação e alimentos e bebidas.
A inflação anual acelerou para 5,06%, bem acima da meta de 3%.
As previsões de preços não ancoradas são um fator de desconforto compartilhado por todos os membros da diretoria e devem ser controladas, escreveram os formuladores de políticas.
Se as projeções forem confirmadas, a inflação de 12 meses permanecerá acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta por seis meses consecutivos a partir de janeiro de 2025. “Portanto, haveria um descumprimento da meta com a inflação de junho de 2025″, escreveram.
Enquanto isso, a inflação prejudica a popularidade do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em resposta, o governo introduziu medidas para apoiar o consumo, algumas das quais também poderiam inadvertidamente aumentar a pressão sobre os preços.
O governo já ampliou as opções de empréstimos para os funcionários do setor privado e flexibilizou as regras para saques antecipados do fundo de garantia por tempo de serviço, conhecido como FGTS.
Também anunciou uma proposta para isentar os trabalhadores com salários de até 5.000 reais (US$ 872) do imposto de renda a partir de 2026.
As preocupações dos investidores com a disciplina fiscal do Brasil e as incertezas sobre a dívida pública têm o potencial de elevar o nível da taxa de juros neutra, com "impactos deletérios" sobre o poder da política monetária, escreveram os banqueiros centrais.
Em termos globais, há incertezas geopolíticas significativas e houve uma deterioração no cenário de crescimento internacional, escreveram os formuladores de políticas.
Dados recentes mostram que a atividade local está se tornando desigual. Embora o indicador mensal do banco central para o produto interno bruto tenha aumentado mais do que o esperado em janeiro, tanto as vendas no varejo quanto os serviços caíram naquele mês, enquanto o setor industrial ficou estagnado.
Os analistas pesquisados pelo Banco Central preveem que a economia brasileira se expandirá cerca de 2% este ano e 1,6% em 2026. Ambas as estimativas estão bem aquém da expansão de 3,4% registrada em 2024.
--Com a ajuda de Giovanna Serafim.
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