Bloomberg — O Banco Central divulgou nesta terça-feira (17) a ata da última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) que decidiu por unanimidade na semana passada aumentar em um ponto percentual a taxa Selic para 12,25% ao ano.
Para março de 2025, a perspectiva é que a taxa Selic fique em 14,25% ao ano.
Na ata, os diretores do BC destacaram os riscos de inflação que estão se materializando devido a fatores que incluem uma moeda mais fraca e uma demanda resiliente.
“Os riscos de alta da inflação, como a resiliência da inflação de serviços, a desancoragem das expectativas e a depreciação da taxa de câmbio, se materializaram”, escreveram os membros do BC na ata da reunião de 10 e 11 de dezembro.
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Várias medidas de preços ao consumidor se deterioraram, o que tornou a convergência da inflação para a meta de 3% do BC mais desafiadora, escreveram eles.
Esse cenário “menos incerto e mais adverso” “exigiu uma ação política mais oportuna para manter o firme compromisso com a convergência da inflação para a meta”, escreveram no documento publicado nesta terça-feira (17).
O comitê "decidiu por unanimidade aumentar a taxa Selic em 1,00 p.p. e anunciar que, caso o cenário esperado se confirme, prevê um ajuste de mesma magnitude nas duas próximas reuniões".
Os diretores do BC, liderados por Roberto Campos Neto, prometeram mais dois aumentos da mesma magnitude, à medida que a inflação anual acelerar acima da meta de 3% e do teto da faixa de tolerância de 4,5%, com as medidas básicas também se recuperando.
A atividade econômica permaneceu resiliente, impulsionada pelo consumo mais forte das famílias, que recebeu um impulso da baixa taxa de desemprego recorde e do aumento dos gastos do governo.
Nesse contexto, os traders precificam que as chances de que o próximo aumento do custo dos empréstimos em janeiro seja maior do que um ponto percentual.
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Na ata, os membros do BC elevaram para 5% sua estimativa para a taxa neutra, que não restringe nem estimula a economia.
O conselho também se comprometeu a monitorar “mais de perto” como um real mais fraco e a recente piora das expectativas dos investidores são transmitidos aos preços ao consumidor.
Os investidores ficaram frustrados com o plano do governo de cortar R$ 70 bilhões em gastos nos próximos dois anos, depois o anúncio foi feito junto com um plano de isenções do Imposto de Renda.
O real se enfraqueceu cerca de 20% este ano e está classificado como a moeda de pior desempenho, apesar da intervenção recente do BC.
Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou suas críticas às altas taxas de juros no domingo, depois de ficar quase uma semana no hospital após uma cirurgia no cérebro.
“Ninguém” tem mais responsabilidade fiscal do que ele, disse Lula em um esforço para acalmar as preocupações do mercado sobre seu esforço para manter a economia forte.
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