Ata do Copom cita incerteza global e reitera política monetária contracionista

Comitê do Banco Central reiterou cautela na condução da política monetária após manutenção da Selic em 10,5% ao ano na última quarta-feira (19)

Prédio do Banco Central em Brasília
25 de Junho, 2024 | 08:30 AM

Bloomberg Línea — O Banco Central divulgou na manhã desta terça-feira (25) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidiu na semana passada de forma unânime pela manutenção da Selic em 10,50% ao ano, conforme o esperado.

Sem grandes mudanças em relação ao comunicado divulgado após a decisão, o documento afirma que as conjunturas doméstica e internacional seguem mais incertas, exigindo maior cautela na condução da política monetária.

“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, ampliação da desancoragem das expectativas de inflação e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”, diz o texto.

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A pausa no ciclo de queda dos juros deve-se, segundo o Copom, à avaliação de que a política monetária deve se manter contracionista “por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.

“O Comitê se manterá vigilante e relembra, como usual, que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.”

Embora cite o contexto global de maior cautela na condução da política monetária – em especial devido à incerteza com relação ao ciclo de queda de juros dos EUA e à persistência do processo desinflacionário nas principais economias –, o Comitê reiterou que não há relação mecânica entre a condução dos juros norte-americanos e a determinação da taxa básica doméstica.

Com relação à piora do cenário fiscal, o Comitê diz que “monitora com atenção” e que “uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”.

“O cenário prospectivo de inflação se tornou mais desafiador, com o aumento das projeções de inflação de médio prazo, mesmo condicionadas em uma taxa de juros mais elevada. Observou surpresas benignas no período recente, mas também elevação das projeções de prazos mais curtos, envolvendo preços livres. Ao fim, concluiu-se unanimemente pela necessidade de uma política monetária mais contracionista e mais cautelosa, de modo a reforçar a dinâmica desinflacionária”, conclui o Copom.

Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.