Ata do Copom: BC diz que ‘não hesitará em subir juros se julgar apropriado’

Ata da última reunião do Copom divulgada nesta terça (6) voltou a reforçar o cenário de maior cautela global, que demanda política monetária mais contracionista

O Banco Central decidiu na semana passada pela manutenção da Selic em 10,50% ao ano
06 de Agosto, 2024 | 08:30 AM

Bloomberg Línea — O Banco Central divulgou nesta terça-feira (6) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidiu na semana passada de forma unânime pela manutenção da Selic em 10,50% ao ano, pela segunda vez consecutiva.

Reforçando um cenário global de maior incerteza e movimentos cambiais mais abruptos, que exigem maior cautela na condução da política monetária doméstica, o Comitê diz no texto que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente para consolidar não apenas o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno da meta.

O destaque da ata recai sobre o trecho de que o BC “não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”. A autoridade monetária, contudo, não forneceu guidance.

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“O Comitê, unanimemente, avalia que o momento corrente é de ainda maior cautela e de acompanhamento diligente dos condicionantes da inflação, sem se comprometer com estratégias futuras. À luz desse acompanhamento, o Comitê avaliará a melhor estratégia: de um lado, se a estratégia de manutenção da taxa de juros por um tempo suficientemente longo levará a inflação à meta no horizonte relevante; de outro lado, o Comitê, unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado.”

Sobre o cenário externo, o Copom reitera o ambiente adverso e avalia que a menor sincronia nos ciclos de queda dos juros, já iniciados em alguns países avançados, contribui para a volatilidade de variáveis do mercado. “Além disso, observou-se que as autoridades monetárias têm indicado ciclos cautelosos, com impactos correspondentes na precificação dos ativos financeiros.”

Com relação ao fiscal, o Copom diz que “monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros”.

“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária. Políticas monetária e fiscal síncronas e contracíclicas contribuem para assegurar a estabilidade de preços e, sem prejuízo de seu objetivo fundamental, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego.”

Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.