Soja brasileira pode perder mercado na Europa com nova regra contra o desmatamento

Segundo maior mercado da soja brasileira terá novo código com exigências de proteção florestal mais difíceis de serem comprovadas

A Soy Harvest As Crop Futures Fall On Brazil Real Crash And Virus Woes
Por Agnieszka de Sousa
26 de Setembro, 2023 | 10:07 AM

Bloomberg — O Brasil, maior exportador de soja do mundo, pode perder terreno nos principais mercados da União Europeia. A limitação de dados pode tornar difícil a comprovação de conformidade com as leis de proteção florestal por parte dos negociadores.

A partir de 2025, a UE exigirá que os produtores e as empresas exportadoras comprovem que a soja, assim como outras commodities, não são provenientes de terras afetadas por desmatamento legal ou ilegal.

As regulamentações também exigirão que as importações cumpram as leis ambientais locais, no caso do Brasil, o Código Florestal.

Pesquisas da Trase e do Instituto Centro de Vida mostram que os traders terão dificuldades para provar que a soja da Amazônia e do Cerrado está em conformidade com esse código.

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Um total de 74% da soja das duas regiões foi cultivada em fazendas que não cumpriam os regulamentos ou, na ausência de dados claros, mostravam sinais de possíveis violações do Código Florestal.

Brazil's Forest Code  | Compliance risk of Amazon and Cerrado soy

“Esses resultados sugerem que os operadores de soja podem ignorar essas questões e enfrentar desafios para verificar sistematicamente a conformidade legal em suas cadeias de suprimentos”, disseram os pesquisadores liderados por André Vasconcelos no relatório. “Como resultado, eles podem enfrentar obstáculos para continuar a exportar para a UE.”

Os resultados indicam que a soja brasileira corre um risco maior de não estar em conformidade com os critérios de legalidade do Regulamento de Desmatamento da UE, do que atender aos critérios de classificação ‘livre de desmatamento’.

O Brasil precisa melhorar em termos de transparência e conjuntos de dados, disse Vasconcelos, líder de engajamento global da Trase, em uma entrevista.

“Quando o Brasil tiver ainda mais transparência e clareza sobre esses conjuntos de dados, ele poderá realmente se tornar um exemplo para os países produtores sobre como implementar a EUDR”, disse ele.

A UE é o segundo maior comprador de soja brasileira, depois da China. Os comerciantes agrícolas dos EUA, incluindo a Archer-Daniels-Midland e a Bunge, colheram uma bonança da soja brasileira este ano, graças à safras abundante.

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