Bloomberg Línea — Depois de ter sofrido com eventos relacionados ao clima, que afetou a produtividade da safra da soja e do milho no ano passado, a SLC Agrícola projeta que 2025 será um ano de protagonismo tanto para a oleaginosa quanto para o algodão nos negócios, segundo o CEO, Aurélio Pavinato.
“Esperamos um 2025 positivo para a soja e para o algodão. A produtividade é um fator chave para garantir bons resultados, principalmente considerando os custos reduzidos e a estabilização dos preços”, disse Pavinato em entrevista à Bloomberg Línea.
“Tivemos quebra de produtividade na soja e no milho em razão da seca do Mato Grosso no ano passado, o que acabou comprometendo o resultado, que foi menor em 2024 do que em 2023. Quando olhamos o balanço financeiro, é basicamente essa a diferença da produtividade”, explicou.
Para 2025, a companhia estabeleceu como meta vender 1,4 milhão de sacas de sementes de soja, um crescimento de 12%, e 145 mil sacas de sementes de algodão, um aumento de 1,2%.
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Os números do quarto trimestre de 2024 e do ano fechados foram divulgados na noite desta quarta-feira (12) e deixaram evidentes os desafios que a safra de soja trouxe no período.
Para o quarto trimestre de 2024, a empresa reportou um prejuízo líquido de R$ 17,2 milhões, ante lucro de R$ 167,2 milhões no mesmo período do ano passado, um recuo de 66,4%.
Já o Ebitda (lucro antes de juros e impostos) ajustado foi de R$ 611,1 milhões, o que representa uma queda de 9,2% em relação ao período anterior. A receita líquida, porém, subiu 3%, para R$ 1,9 bilhão.
No acumulado do ano, o lucro líquido foi de R$ 481,7 milhões versus R$ 937,9 um ano antes, o que representou uma queda de quase 50%. O Ebitda ajustado chegou a R$ 2 bilhões, queda de 24,8%, enquanto a receita líquida somou R$ 6,9 bilhões, recuo de 4,4%.
Apesar de desafios como a queda no resultado bruto da soja e do milho, o controle da alavancagem em 1,80x o Ebitda garantiu estabilidade financeira, disse Pavinato.
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“A geração de caixa foi impactada principalmente pela queda do resultado bruto da soja e do milho, pelo investimento para o crescimento da área plantada da safra 2024/25 e pela aquisição da participação dos acionistas minoritários da SLC Landco”, segundo o reporte financeiro da SLC.
A empresa disse que a participação dos acionistas minoritários chegou a R$ 524,8 milhões.
As vendas de soja somaram 110,9 mil toneladas no quarto trimestre, contra 277,9 mil toneladas no mesmo período do ano passado.
As vendas com o algodão e o caroço de algodão atingiram um recorde de 364 mil toneladas no ano passado, enquanto os envios da pluma foram de 122 mil toneladas no período, crescimento de 50,3% na base anual. As vendas de caroço e semente do algodão somaram 168,2 mil toneladas, ante 152,6 mil toneladas.
As vendas de milho também apresentaram forte retração no quarto trimestre e somaram 203,9 mil toneladas, contra 310 mil toneladas um ano antes.
A empresa relatou, por outro lado, que a área plantada aumentou em 60 mil hectares devido a novas parcerias e contratos de arrendamento, totalizando 731 mil hectares para a safra 2024/25.
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A companhia disse também que concluiu as compras de insumos para a safra 2024/25, incluindo fertilizantes e defensivos, e aproveitou a queda de 5,2% nos custos por hectare.
Para 2025/26, já foram adquiridos 77% dos fosfatados, 82% do cloreto de potássio e 57% dos nitrogenados, o que garante previsibilidade aos custos.
Os papéis da SLC (SLCE3) avançaram 0,91% no fechamento desta quarta-feira (12), a R$ 18,80 cada uma. No acumulado do ano, as ações avançaram 8,55%, ante uma alta perto de 3% do Ibovespa (IBOV).

Consolidação da Sierentz Agro Brasil
Outro pilar importante da companhia para o ano é a consolidação da aquisição da Sierentz Agro Brasil, reportada ao mercado na sexta-feira passada (7).
“A nossa estratégia é crescer nos momentos oportunos. Com um projeto grande como o da Sierentz, o foco neste momento vai ser consolidá-lo. Por isso, o nosso foco agora não está em novos projetos”, disse Pavinato.
O negócio com a Sierentz, anunciado por US$ 135 milhões (aproximadamente R$ 775 milhões), ilustra a importância para a companhia da diversidade “geográfica do portfólio de terras sobre gestão, visando diminuir riscos climáticos”, disse a SLC em fato relevante na ocasião.
O Maranhão concentra o principal polo dos negócios da Sierentz, com 68.000 hectares, seguido pelo Piauí com 18.000 hectares e o Pará com 10.000 hectares. A conclusão da aquisição ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Pavinato reforçou a importância de continuar a investir, mesmo em um ciclo mais desafiador com juros mais altos.
“O agronegócio tem ciclos, e estamos aproveitando este momento para garantir crescimento sustentável e manter nossa liderança no setor”, disse.
“Fizemos um investimento expressivo, adquirimos a SLC Landco e a Sierentz Agro Brasil e adiantamos compras para a safra 2025/26. Estamos confiantes na direção que estamos seguindo”, afirmou.
A empresa somou R$ 1,1 bilhão em capex em 2024.
“As três principais alocações no ano foram em máquinas, equipamentos e implementos, correção de solo e obras e instalações, com destaque para a ampliação de 3.161 hectares em irrigação na fazenda Piratini, com uma alocação de capital de R$ 62 milhões, relativo à fase II do projeto técnico”, informou a SLC no balanço financeiro.
A empresa opera em 26 unidades, em sete estados brasileiros.
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