SLC Agrícola mira em rentabilidade do algodão com aquisições no Maranhão, diz CEO

Aurélio Pavinato explicou em webinar o racional por trás da aquisição da Sierentz Agro Brasil, que adicionará 100 mil hectares ao portfólio da companhia no Maranhão e no Pará

A produção do algodão tem um Ebitda mais elevado do que o de culturas como a soja e o milho
07 de Março, 2025 | 02:40 PM

Bloomberg Línea — A SLC Agrícola avança com a expansão de suas operações com uma estratégia focada em produtividade e diversificação de culturas - sobretudo a soja e o milho em um primeiro momento e, posteriormente, o algodão.

O acordo de aquisição da Sierentz Agro Brasil por US$ 135 milhões (aproximadamente R$ 773,6 milhões), anunciado nesta sexta-feira (7), é justamente mais um pilar dessa estratégia.

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O CEO da SLC, Aurélio Pavinato, disse em webinar realizado nesta sexta-feira (7) que a companhia já iniciará suas novas operações nas áreas da Sierentz com a expectativa de manter a produtividade histórica de seus negócios, alinhada aos padrões das regiões em que está presente.

“O sul do Maranhão mantém o plantio de soja como principal safra, seguido pelo milho na segunda safra. Com a entrada do algodão, a rentabilidade da operação tende a aumentar, considerando que, historicamente, o Ebitda do algodão é superior ao da soja e do milho”, disse Pavinato.

Atualmente, a SLC opera em 23 fazendas, número que aumentará para 26 com a incorporação das novas unidades, que somam 100 mil hectares.

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Os papéis da SLC (SLCE3) avançavam mais de 3,00% por volta das 14h20 de sexta-feira (7), na esteira da divulgação do acordo, a R$ 19,26 cada uma. No acumulado do ano, as ações tem ganho acima de 10,00% até a quinta-feira (6), ante um desempenho perto de 3% do Ibovespa (IBOV).

Uma das estratégias para aumentar a eficiência da operação é a introdução gradual do algodão, inicialmente previsto para ser plantado no terceiro ano.

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A justificativa para essa decisão está na necessidade de infraestrutura específica, como a instalação de algodoeiras, que permitirão a produção em grande escala.

Inicialmente, o algodão será beneficiado em estruturas já existentes em fazendas vizinhas, para garantir a sinergia operacional e o aproveitamento da infraestrutura atual da SLC Agrícola, explicou o CEO da companhia.

A expectativa é que a entrada do algodão deva impulsionar esse resultado.

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No histórico da companhia, o Ebitda (métrica de geração de caixa operacional) do algodão é de R$ 7.000/ha, enquanto o da soja é de R$ 3.000/ha e o do milho é de aproximadamente R$ 1.000/ha. Segundo Pavinato, a taxa interna de retorno (TIR) estabelecida para o projeto segue o padrão da companhia, que visa CDI +5%.

Foco no algodão

De acordo com o fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Sierentz opera em áreas arrendadas nos estados de Maranhão (MA), Piauí (PI) e Pará (PA), que totalizam aproximadamente 96 mil hectares físicos.

Das cinco fazendas dispostas pela Sierentz, a SLC atuará em três fazendas: duas no Maranhão e uma no Pará. As outras duas são da proposta vinculante de transferência de 33 mil hectares à Terrus, que incluem os equipamentos já necessários para a sua exploração pelo valor de R$ 191,2 milhões.

“Nosso foco para o algodão vai ser nas duas fazendas do Maranhão, que são vizinhas e muito próximas das fazendas atuais que nós operamos na região”, explicou Pavinato.

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Apesar de a estratégia para o algodão ser considerada central para os negócios da SLC nos próximos anos, visto que a pluma tem valor agregado superior ao de outras commodities, a empresa prevê, inicialmente o plantio de 63 mil hectares de soja na área adquirida de 100 mil hectares e de 35 a 37 mil hectares de milho e sorgo.

“O milho e o sorgo aparecem como uma opção interessante no Maranhão em razão da indústria que produz etanol na região. Na segunda safra, entra o milho”, afirmou Pavinato.

Além disso, o plantio de algodão exige maior correção de solo e fertilização, o que demanda um Capex adicional. Em termos de maquinário, a terceirização da colheita na SLC é menor que na empresa adquirida, o que pode gerar novos investimentos na compra de equipamentos para padronizar a operação dentro dos padrões da companhia.

Estratégia para arrendamento de terras

O plano da SLC é o de manter um terço de áreas próprias e dois terços de arrendadas. Para o longo prazo, Pavinato disse que a companhia considera adquirir novas terras para manter esse equilíbrio.

“A nossa estratégia era justamente chegar em um terço de terras próprias e dois terços de terras arrendadas. Hoje [com a aquisição] chegamos ao share desejado”, disse Pavinato.

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Naiara Albuquerque

Formada em jornalismo pela Fáculdade Cásper Líbero, tem mestrado em Ciências da Comunicação pela Unisinos, e acumula passagens por veículos como Valor Econômico, Capricho, Nexo Jornal e Exame. Na Bloomberg Línea Brasil, é editora-assistente especializada na cobertura de agronegócios.