Seca histórica ameaça o agro e coloca governo em alerta para o aumento da inflação

Haddad diz que está preocupado com os efeitos sobre os preços; áreas agrícolas importantes enfrentaram o clima mais seco desde 1981

Seca
Por Martha Beck
12 de Setembro, 2024 | 12:14 PM

Bloomberg — O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo está preocupado que o ressurgimento das condições climáticas extremas estimule a inflação, no momento em que a seca histórica prejudica a produção agrícola do país.

O persistente período de seca pode provocar aumentos nos preços dos alimentos e da energia, disse Haddad a repórteres em Brasília na quarta-feira (11).

Ao mesmo tempo, a elevação dos custos não é facilmente controlada com o aumento da Selic, afirmou o ministro.

O aumento das expectativas de inflação já vinha pressionando o Banco Central antes mesmo do agravamento da seca, e analistas esperam que o Copom eleve a taxa de juros em reunião na semana que vem.

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“O Banco Central tem a estrutura técnica para tomar a melhor decisão”, disse Haddad. “Vamos aguardar a decisão de política monetária da semana que vem.”

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O Brasil está em alerta, uma vez que a pior seca dos últimos 40 anos agrava os incêndios florestais pelo país e coloca em risco as colheitas e o fornecimento de energia.

De maio a agosto, algumas áreas agrícolas importantes enfrentaram o clima mais seco desde 1981, de acordo com o centro de monitoramento de desastres naturais, o Cemaden.

A falta de chuvas representa riscos para o abastecimento em um mundo que se tornou dependente do Brasil para todo tipo de produto agrícola, desde açúcar até café e soja.

Alerta de baixa umidade

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta de umidade perigosamente baixa na maioria dos estados brasileiros durante os próximos dias.

Mais de 500 municípios declararam estado de emergência devido a incêndios, de acordo com a Confederação Nacional dos Municípios.

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Os problemas complicam as perspectivas para o Banco Central, que está sob pressão para começar a aumentar as taxas em 18 de setembro, em resposta aos aumentos de preços ao consumidor acima da meta de 3% ao ano.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem constantemente criticado os altos custos de empréstimos como um impedimento para um crescimento mais rápido.

O governo brasileiro elevará sua projeção de crescimento econômico para 2024, disse Haddad, acrescentando que o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer acima de 3% este ano.

Os analistas consultados pelo Banco Central esperam que os formuladores de políticas elevem a Selic de referência para 11,25% em dezembro, de seu nível atual de 10,5%.

-- Com a colaboração de Gabriel Diniz Tavares e Giovanna Serafim, e informações complementares da Bloomberg Línea.

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