Produtores de suínos apostam em recuperação com demanda mais alta nos EUA

Criadores americanos veem crescimento do setor com busca de consumidores por alimentos mais baratos

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Bloomberg — Os criadores de suínos nos Estados Unidos apostam que os americanos, com o orçamento familiar mais apertado, vão consumir mais carne de porco e comerão mais embutidos, como pepperoni, à medida que os preços da carne bovina aumentarem. A mudança de hábito tende a provocar uma reviravolta em um setor enfrenta dificuldades há mais de um ano.

O rebanho de gado bovino nos Estados Unidos está no menor nível desde a década de 1950, o que tem tornado a carne bovina muito cara para consumidores que têm visto os preços subirem mês após mês e que, em sua maioria, esgotaram as economias da pandemia.

Com uma grande quantidade de carne suína, os produtores agora apostam que os consumidores irão recorrer mais a salsichas e a pizzas de pepperoni e que a demanda aumentará durante o verão no hemisfério Norte, com a proximidade do feriado de 4 de julho, quando muitos americanos fazem churrascos.

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Os produtores de carne suína estão sob pressão, pois a demanda não acompanhou o ritmo de aumento da oferta e os preços mais altos dos grãos encareceram a alimentação dos rebanhos.

Ainda assim, os participantes da World Pork Expo, em Des Moines, no estado de Iowa, na semana passada, esperam que a sorte do setor comece a mudar, com mais demanda dando a eles o impulso necessário para melhorar ainda mais as margens.

“Eu pediria que todos os americanos saíssem e comprassem o máximo de costeletas de porco que pudessem e compartilhassem com seus vizinhos”, disse Bryan Humphreys, diretor executivo do National Pork Producers Council, uma associação que representa os criadores de suínos.

Na feira de suínos, frigoríficos como a JBS (JBSS3) serviram espetos de carne de porco com molho balsâmico, enquanto a Smithfield Foods serviu um almoço de tacos com música ao vivo.

O evento, que teve um aumento de 15% na participação, com mais de 12.000 pessoas, ocorreu em um momento em que o setor atinge um ponto de inflexão.

Os produtores de suínos veem o início de uma mudança depois que um excesso de carne suína fez com que os lucros despencassem no ano passado.

Para os produtores que aumentam o peso dos suínos desde o parto até o abate, as margens em abril se tornaram lucrativas pela primeira vez em sete meses, de acordo com dados da Iowa State University.

O que ajuda a situação é o aumento da demanda, o que elevou o valor que os frigoríficos estão dispostos a pagar pelos suínos.

Os frigoríficos de carne suína podem ganhar cerca de US$ 11 por suíno, em comparação com a perda de cerca de US$ 21 por suíno há um ano, de acordo com a HedgersEdge.

No entanto, outros custos fixos, como mão de obra, construção e maquinário, continuam altos, limitando o potencial de recuperação.

“Nosso custo fixo de insumos por suíno era de cerca de US$ 40 há cinco ou seis anos. Agora estamos perto de US$ 80″, disse Humphreys, que cresceu em uma fazenda de suínos da família.

A Tyson Foods, a maior empresa de carnes dos EUA, decidiu, no início deste ano, fechar uma fábrica de suínos em Iowa, à medida que continua a simplificar as operações - uma medida que limitará a capacidade de abate no país.

Embora sua operação de carne suína tenha melhorado, as margens da empresa ainda estão relativamente reduzidas.

A Hormel Foods, fabricante de carnes frias, alertou em maio que os custos de insumos de carne suína para o ano inteiro devem ficar acima da média de cinco anos. Mas o CEO James Snee disse no início deste mês que o consumidor americano tem sido “incrivelmente resiliente” e que a empresa espera um crescimento médio de um dígito para o restante do ano.

Escolha fácil

Diante das pressões contínuas, o setor de carne suína precisa encontrar maneiras de aumentar a demanda para esgotar os suprimentos e sustentar a recuperação.

A carne suína mais barata ajudará. Atualmente, a carne bovina no atacado é cerca de US$ 2 por quilo mais cara do que a carne suína, criando uma opção fácil para os consumidores que buscam economizar.

Há outros sinais positivos, inclusive a demanda por presuntos no México. Os embarques recordes de carne suína para o vizinho do sul dos EUA impulsionaram as exportações totais de carne suína americana em abril para US$ 778,8 milhões, o terceiro maior valor já registrado, de acordo com a Federação de Exportação de Carnes dos EUA.

No mercado americano, os analistas dizem que mais demanda deve vir das pizzas com pepperoni ou salsicha - uma das favoritas entre os consumidores mais sensíveis à inflação e ao aumento dos níveis de endividamento.

“Toda vez que as coisas ficam difíceis, as pessoas comem mais pizza”, disse Christine McCracken, analista sênior de proteína animal do Rabobank, um banco agrícola.

A carne suína moída também é uma “alternativa muito saborosa” à carne bovina moída, acrescentou ela. “Acho que essa é uma grande área de crescimento para o setor.”

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