Produtores de suínos apostam em recuperação com demanda mais alta nos EUA

Criadores americanos veem crescimento do setor com busca de consumidores por alimentos mais baratos

Carne de porco
Por Tarso Veloso - Michael Hirtzer
20 de Junho, 2024 | 02:44 PM

Bloomberg — Os criadores de suínos nos Estados Unidos apostam que os americanos, com o orçamento familiar mais apertado, vão consumir mais carne de porco e comerão mais embutidos, como pepperoni, à medida que os preços da carne bovina aumentarem. A mudança de hábito tende a provocar uma reviravolta em um setor enfrenta dificuldades há mais de um ano.

O rebanho de gado bovino nos Estados Unidos está no menor nível desde a década de 1950, o que tem tornado a carne bovina muito cara para consumidores que têm visto os preços subirem mês após mês e que, em sua maioria, esgotaram as economias da pandemia.

Com uma grande quantidade de carne suína, os produtores agora apostam que os consumidores irão recorrer mais a salsichas e a pizzas de pepperoni e que a demanda aumentará durante o verão no hemisfério Norte, com a proximidade do feriado de 4 de julho, quando muitos americanos fazem churrascos.

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Os produtores de carne suína estão sob pressão, pois a demanda não acompanhou o ritmo de aumento da oferta e os preços mais altos dos grãos encareceram a alimentação dos rebanhos.

Ainda assim, os participantes da World Pork Expo, em Des Moines, no estado de Iowa, na semana passada, esperam que a sorte do setor comece a mudar, com mais demanda dando a eles o impulso necessário para melhorar ainda mais as margens.

“Eu pediria que todos os americanos saíssem e comprassem o máximo de costeletas de porco que pudessem e compartilhassem com seus vizinhos”, disse Bryan Humphreys, diretor executivo do National Pork Producers Council, uma associação que representa os criadores de suínos.

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Na feira de suínos, frigoríficos como a JBS (JBSS3) serviram espetos de carne de porco com molho balsâmico, enquanto a Smithfield Foods serviu um almoço de tacos com música ao vivo.

O evento, que teve um aumento de 15% na participação, com mais de 12.000 pessoas, ocorreu em um momento em que o setor atinge um ponto de inflexão.

Os produtores de suínos veem o início de uma mudança depois que um excesso de carne suína fez com que os lucros despencassem no ano passado.

Para os produtores que aumentam o peso dos suínos desde o parto até o abate, as margens em abril se tornaram lucrativas pela primeira vez em sete meses, de acordo com dados da Iowa State University.

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O que ajuda a situação é o aumento da demanda, o que elevou o valor que os frigoríficos estão dispostos a pagar pelos suínos.

Os frigoríficos de carne suína podem ganhar cerca de US$ 11 por suíno, em comparação com a perda de cerca de US$ 21 por suíno há um ano, de acordo com a HedgersEdge.

No entanto, outros custos fixos, como mão de obra, construção e maquinário, continuam altos, limitando o potencial de recuperação.

“Nosso custo fixo de insumos por suíno era de cerca de US$ 40 há cinco ou seis anos. Agora estamos perto de US$ 80″, disse Humphreys, que cresceu em uma fazenda de suínos da família.

A Tyson Foods, a maior empresa de carnes dos EUA, decidiu, no início deste ano, fechar uma fábrica de suínos em Iowa, à medida que continua a simplificar as operações - uma medida que limitará a capacidade de abate no país.

Embora sua operação de carne suína tenha melhorado, as margens da empresa ainda estão relativamente reduzidas.

A Hormel Foods, fabricante de carnes frias, alertou em maio que os custos de insumos de carne suína para o ano inteiro devem ficar acima da média de cinco anos. Mas o CEO James Snee disse no início deste mês que o consumidor americano tem sido “incrivelmente resiliente” e que a empresa espera um crescimento médio de um dígito para o restante do ano.

Escolha fácil

Diante das pressões contínuas, o setor de carne suína precisa encontrar maneiras de aumentar a demanda para esgotar os suprimentos e sustentar a recuperação.

A carne suína mais barata ajudará. Atualmente, a carne bovina no atacado é cerca de US$ 2 por quilo mais cara do que a carne suína, criando uma opção fácil para os consumidores que buscam economizar.

Há outros sinais positivos, inclusive a demanda por presuntos no México. Os embarques recordes de carne suína para o vizinho do sul dos EUA impulsionaram as exportações totais de carne suína americana em abril para US$ 778,8 milhões, o terceiro maior valor já registrado, de acordo com a Federação de Exportação de Carnes dos EUA.

No mercado americano, os analistas dizem que mais demanda deve vir das pizzas com pepperoni ou salsicha - uma das favoritas entre os consumidores mais sensíveis à inflação e ao aumento dos níveis de endividamento.

“Toda vez que as coisas ficam difíceis, as pessoas comem mais pizza”, disse Christine McCracken, analista sênior de proteína animal do Rabobank, um banco agrícola.

A carne suína moída também é uma “alternativa muito saborosa” à carne bovina moída, acrescentou ela. “Acho que essa é uma grande área de crescimento para o setor.”

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