Bloomberg — Os pedidos de recuperação judicial por produtores do agronegócio estão alcançando um ritmo “preocupante” no Brasil à medida que as altas taxas de juros e os preços em queda apertam os ganhos, de acordo com a Serasa Experian, um provedor de dados de crédito.
O número de produtores que entraram com pedido de recuperação judicial no país, o maior exportador mundial de diferentes culturas, desde milho até soja e café, aumentou seis vezes para 127 no ano passado, disse a Serasa Experian em um comunicado.
Isso representa um aumento expressivo na comparação com os 20 pedidos no ano anterior. Eles se aceleraram no final de 2023.
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“Quando comparamos a quantidade de pedidos de recuperação financeira com as milhões de pessoas que trabalham no agronegócio, esse número parece pequeno”, disse Marcelo Pimenta, chefe de agronegócio da Serasa Experian. “Mas a velocidade com que esses pedidos vêm crescendo trimestre após trimestre é preocupante.”
As descobertas lançam luz sobre um problema crescente no Brasil. Safras abundantes foram recebidas com preços internacionais em queda, prejudicando os ganhos dos produtores, assim como o custo de capital que aumentou devido às altas taxas de juros.
Um índice de preços agrícolas acompanhado pela Bloomberg caiu quase 16% no ano passado, a maior queda em uma década.
Ainda assim, o clima seco resultou em quebras de safra em algumas regiões, desafiando a liquidez para esses produtores.
Os agricultores de soja foram responsáveis pelo maior número de pedidos de recuperação judicial, seguidos pelos que possuem pastagens e café.
Um grupo de 44 produtores, que inclui aqueles que arrendam terra, foi responsável pela maioria dos pedidos. Grandes produtores também não ficaram imunes, com 35 deles pedindo recuperação.
Mato Grosso e Goiás foram os estados com os maiores problemas, segundo a Serasa.
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