Mudanças climáticas são o principal desafio do agro, apontam executivos do setor

28ª Global CEO Survey, conduzida pela PwC, mostrou que 56% dos líderes do agro consideram esse tema a principal ameaça, muito acima da média nacional de 21% de todos os setores

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Bloomberg Línea — Mais da metade dos executivos do agronegócio brasileiro aponta que as mudanças climáticas serão a principal ameaça ao setor nos próximos anos.

Esse é um dos destaques da 28ª Global CEO Survey, pesquisa conduzida anualmente pela PwC, que ouviu mais de 4.700 líderes de negócios ao redor do mundo.

Foram 56% dos entrevistados que citaram a questão do clima, pouco acima dos 54% em 2023.

Esse índice supera a média nacional de todos os setores, de 21%, e global, de 14%, que constam da mesma pesquisa.

Isso só reforça a percepção de urgência de medidas para mitigar os impactos ambientais e garantir a sustentabilidade da produção agropecuária.

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Apesar da percepção de que as mudanças climáticas são um grande desafio, isso não está alinhado de forma ampla aos objetivos corporativos: 62% dos CEOs do setor afirmaram que as receitas de suas empresas estão vinculadas a métricas de sustentabilidade, contra 59% da média de todos os setores no Brasil.

“Essa reação está associada a uma tendência clara: quanto maior o percentual da remuneração atrelado a esses indicadores, maior a probabilidade de ganhos de receita associados a investimentos climáticos”, segundo o levantamento da PwC.

Além disso, 26% dos CEOs do setor disseram que investimentos climáticos aumentaram seus custos.

As condições climáticas adversas vividas em 2024, como enchentes históricas no Rio Grande do Sul e secas em diversas regiões, evidenciam a vulnerabilidade do agronegócio às variações do clima, disse Maurício Moraes, sócio e líder do setor de agronegócio da PwC Brasil, em teleconferência com jornalistas.

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“Se eu estou investindo nisso porque tenho uma agenda ESG ou não, não é a questão; a questão é o que eu preciso fazer para proteger o meu negócio. É uma agenda muito mais ampla”, afirmou Moraes.

No levantamento, 76% dos executivos do setor disseram ver com otimismo uma aceleração da economia local em 2025. O resultado ficou acima da média nacional de todos os demais setores pesquisados.

Além das mudanças climáticas, outro desafio relevante para o agronegócio é a qualificação da mão de obra. Enquanto 30% dos CEOs de diferentes setores apontam essa questão como um problema nacional, no agro esse índice sobe para 38%.

A crescente necessidade de adoção de novas tecnologias exige uma força de trabalho qualificada, capaz de operar em um ambiente de transformação digital acelerada.

Inovação é a palavra da vez

Diante de um cenário com mais desafios ao agro, sobretudo em relação ao clima, cresce a necessidade de inovação e reinvenção do setor se torna ainda mais evidente. A pesquisa aponta que 44% dos CEOs acreditam que seus negócios não serão economicamente viáveis por mais de uma década sem mudanças significativas.

Esse dado reflete um aumento expressivo em relação ao ano anterior, quando 31% dos líderes compartilhavam dessa preocupação. Para enfrentar esse desafio, as empresas têm buscado novas estratégias, incluindo parcerias para inovação, como relatado por quase metade dos respondentes.

Um dos caminhos apontados para aumentar essa eficiência do setor é a implementação da Inteligência Artificial (IA). Segundo o estudo, 61% dos líderes do agro esperam que a IA aumente a lucratividade de suas companhias em 2025, um aumento em relação aos 46% do ano anterior.

Além disso, 86% dos CEOs do setor planejam investir na integração de IA com plataformas tecnológicas, o que demonstra o papel central que a tecnologia pode desempenhar na modernização e na otimização das operações agroindustriais.

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