JBS diz que listagem nos EUA deve levar mais tempo com voto estrangeiro

Maior empresa de processamento de carnes do mundo planeja novo registro na SEC para que investidores com ADRs possam votar na assembleia sobre a operação

JBS
Por Gerson Freitas Jr
22 de Fevereiro, 2024 | 04:15 PM

Bloomberg — A JBS disse que sua listagem planejada nos EUA provavelmente será adiada para o segundo semestre, dado que trabalha para permitir que mais investidores votem sobre a medida.

A maior empresa produtora de carnes do mundo planeja apresentar um novo formulário de registro à Securities and Exchange Commission (SEC) após a divulgação de seus resultados em 26 de março, segundo o CFO, Guilherme Cavalcanti.

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A medida, destinada a permitir que os proprietários de ADRs (American depositary receipts) da JBS (JBSS3) votem na transação, significa que é “improvável” que a companhia de processamento de alimentos tenha tempo para obter a aprovação da proposta pelos acionistas antes do final de junho.

“Não estamos com pressa porque não temos necessidade de levantar capital”, disse Cavalcanti em uma entrevista à margem de uma conferência na Flórida, nos EUA. O atraso no processo, que inicialmente era esperado para ser concluído em 2023, também dará à JBS a chance de apresentar aos investidores “melhores resultados a cada trimestre”, acrescentou.

A gigante da carne vê uma listagem em Nova York como parte fundamental de sua estratégia para utilizar capital próprio para financiar uma expansão mais profunda nos negócios de alimentos processados e com sua marca, que normalmente têm margens de lucro mais altas do que suas operações de processamento de carne bovina, suína e de frango.

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A JBS também deseja acessar um grupo mais amplo de investidores, obter mais cobertura de analistas, impulsionar sua reputação e ser vista mais como uma empresa dos EUA do que uma brasileira, reduzindo o desconto em valuation para a principal concorrente, a Tyson Foods.

O plano, anunciado em julho de 2023, foi bem recebido pelos investidores, mas enfrentou oposição de ativistas e legisladores devido ao impacto ambiental das atividades da empresa.

A empresa, que possui operações que se estendem do estado do Colorado, nos EUA, à Nova Zelândia, precisa de todos os votos que puder obter para aprovar a listagem.

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Seus acionistas controladores, os irmãos bilionários Joesley e Wesley Batista, se abstêm de votar, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o segundo maior acionista, não divulgou se apoia a medida.

A JBS diz que o pedido de listagem não deve ser afetado por campanhas contra ela.

“Tenho confiança em tudo o que estamos fazendo em termos de sustentabilidade, para melhorar nossa cadeia de suprimentos, aumentar a visibilidade e a transparência do que está acontecendo”, disse o CEO Gilberto Tomazoni na mesma entrevista.

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Ele acrescentou que a listagem nos EUA aumentará a fiscalização dos reguladores americanos sobre a empresa. “Criaremos as condições para os investidores que realmente querem resolver o problema.”

A JBS permanece otimista em relação às perspectivas de seu negócio de carne bovina nos EUA, mesmo com o declínio na oferta de gado para abate, que atingiu uma baixa de sete décadas, o que tem derrubado os lucros de frigoríficos. A demanda deve continuar superando a oferta, o que significa preços persistentemente mais altos no longo prazo, disse Tomazoni.

“A carne bovina é aspiracional”, disse Tomazoni. “O negócio de carne bovina continuará crescendo.”

A curto prazo, os negócios de frango e de suínos da JBS devem se beneficiar da crescente demanda do consumidor e do amplo fornecimento de grãos, que reduzem o custo de alimentação de aves e suínos, disse Wesley Batista Filho, CEO da unidade da JBS nos EUA.

Executivos da JBS estavam programados para falar na conferência anual do Consumer Analyst Group of New York, que está sendo realizada em Boca Raton, nesta quinta-feira. A iniciativa faz parte dos esforços da empresa para se tornar mais conhecida pelos investidores americanos antes da listagem proposta nos EUA.

Após a esperada aprovação da SEC, a JBS precisaria de pelo menos 45 dias para realizar uma assembleia para que os acionistas possam votar sobre a proposta de listagem.

As ações da JBS caíam perto de 2% por volta das 16h na bolsa de São Paulo nesta quinta-feira (22). No acumulado de 2024, a queda era de 11% até o fechamento de quarta-feira (21).

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