Bloomberg — Os produtores de açúcar dos Estados Unidos buscam restringir as importações do México depois que os EUA disseram que vão avaliar se alguns envios do país latino-americano violaram as regras do acordo comercial.
A American Sugar Coalition quer que o governo reduza a quantidade de açúcar que o México pode enviar para os EUA em 44%, de acordo com uma carta datada de 12 de março enviada à Secretária de Comércio Gina Raimondo. As restrições entrariam em vigor em 1º de abril e se aplicariam ao exercício encerrado em setembro.
A produção de açúcar no México caiu na última safra, mas as remessas para os EUA continuaram. Isso levou o Departamento de Comércio dos EUA a dizer que planeja investigar se os acordos de fornecimento contornaram as regras comerciais que impedem o México de importar açúcar de outros países para atender à demanda interna, enquanto exporta sua própria produção para os EUA. Um quadro semelhante está ocorrendo nesta temporada.
“As exportações do México durante o período atual de limite de exportação já excedem a quantidade que o México pode suprir a partir do seu excedente de produção”, disse Robert C. Cassidy Jr., da Cassidy Levy Kent, firma de advocacia da American Sugar Coalition e de seus membros, na carta. O Departamento de Comércio deveria consultar o México para saber como o governo planeja se adequar às regras, reduzindo a cota, disse ele.
Qualquer redução no limite de exportação do México exigiria que os EUA importassem mais de outros países, recorrendo a estoques globais já baixos. Os preços do açúcar nos EUA atingiram um recorde no ano passado, ao passo que os preços mundiais subiram pelo quinto ano consecutivo, a sequência mais longa desde 1989.
A indústria açucareira dos EUA é altamente regulamentada, com limites para importações. As regras visam proteger os lucros dos refinadores de beterraba e cana, especialmente diante dos altos custos de produção dos EUA, e impedir que outros países inundem o mercado americano. O México é o maior fornecedor.
A American Sugar Coalition quer limitar as importações do México a menos de 500.000 toneladas de valor bruto, ante quase 900.000 atualmente, de acordo com a carta. Isso ocorre porque o clima seco reduziu a produção lá, o que significa que o país não terá o suficiente para atender ao consumo interno e preencher sua cota nos EUA.
Essa não é a primeira vez que o grupo escreveu para o Departamento de Comércio. Em uma carta separada datada de 6 de outubro, o argumento foi pela redução do limite de exportação, sem especificar um alvo específico. O grupo também enfatizou dados inconsistentes de várias agências.
“As diferenças significativas entre os dados oficiais do governo mexicano e os dados de outras fontes inevitavelmente levantam a questão: quanto açúcar o México está importando?”, segundo a carta de 6 de outubro.
O governo mexicano já negou anteriormente ter violado as regras do acordo comercial, de acordo com uma carta separada para o Departamento de Comércio datada de 6 de outubro. A Administração de Comércio Internacional do Departamento de Comércio dos EUA, os Ministérios da Economia e Agricultura do México e a Cámara Nacional de las Industrias Azucarera y Alcoholera não responderam aos pedidos de comentário.
Os membros da American Sugar Coalition incluem a American Sugar Cane League, a American Sugarbeet Growers Association, a American Sugar Refining e a Florida Sugar Cane League.
--Com a colaboração de Maya Averbuch e Scott Squires.
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