Guerra comercial nos EUA não muda planos da JBS, diz Wesley Batista Filho

CEO da JBS USA disse em teleconferência de resultados que a oferta restrita de gado no país deve tornar 2025 um ano “mais desafiador” do que 2024

JBS: foco em marcas fortes e valor agregado
Por Clarice Couto
26 de Março, 2025 | 03:37 PM

Bloomberg — A JBS divulgou lucros acima das expectativas no quarto trimestre de 2024, impulsionados pela forte demanda por frango e carne suína, que ajudou a compensar a pressão em seu negócio de carne bovina nos Estados Unidos.

A empresa brasileira continua a se beneficiar da forte demanda por frango, e a sua subsidiária Pilgrim’s Pride registrou seu melhor ano de todos os tempos.

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A demanda por carne suína também ajudou a impulsionar os resultados da empresa, à medida que os consumidores buscaram alternativas mais baratas à carne bovina após a alta nos preços, especialmente nos EUA.

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A guerra comercial do ex-presidente Donald Trump não altera os planos de crescimento da empresa nos EUA, disse Wesley Batista Filho, CEO da JBS USA, em teleconferência de resultados nesta quarta-feira (26).

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“Obviamente, as tarifas criam instabilidade. Se ocorrerem, teremos que avaliar o impacto sobre nós, mas isso não muda nossa visão de longo prazo de que os EUA são nossa maior operação e continuarão crescendo”, afirmou.

Ainda assim, Batista Filho disse que a oferta restrita de gado nos EUA, onde o rebanho atingiu o menor nível em mais de sete décadas, deve tornar 2025 um ano “mais desafiador” do que 2024.

As ações da JBS caíram até 4,8% em São Paulo na quarta-feira. No entanto, o papel acumula uma valorização de aproximadamente 90% nos últimos 12 meses.

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Batista Filho afirmou que a modernização das fábricas, as eficiências comerciais e a forte demanda por carne bovina ajudaram a empresa a enfrentar o ciclo de baixa nos EUA.

Ele acrescentou que a demanda por carne suína e frango também segue saudável no país.

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No Brasil, a empresa vê um equilíbrio entre oferta de gado e demanda por carne bovina, disse o CEO Gilberto Tomazoni na teleconferência.

Ele destacou que a JBS tem observado uma oferta limitada de aves tanto no Brasil quanto nos EUA, já que a indústria enfrenta uma queda nas taxas de fertilidade, o que afetou significativamente o setor.

A companhia registrou um lucro antes de itens como juros e impostos de 10,8 bilhões de reais (US$ 1,9 bilhão) no quarto trimestre. Isso representa mais do que o dobro do valor de um ano antes e 9,4% acima da média das estimativas compiladas pela Bloomberg.

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“Esse resultado é ainda mais significativo considerando o contexto em que foi alcançado, com cerca de um terço do negócio em um ciclo de baixa”, disse Tomazoni em entrevista à Bloomberg News, referindo-se à retração do rebanho bovino nos EUA e às operações da marca Seara no Brasil, que passam por melhorias.

A JBS busca uma oferta pública inicial de ações (IPO) nos EUA e refez seu pedido de listagem na terça-feira, afirmou o diretor financeiro (CFO), Guilherme Cavalcanti.

Após remover um obstáculo importante para a listagem na semana passada, a empresa propôs o pagamento de mais 4,4 bilhões de reais em dividendos aos acionistas, sujeito à aprovação do conselho.

Esse valor se soma aos 4,4 bilhões pagos em outubro e outros 2,2 bilhões distribuídos em janeiro.

A JBS pretende manter pagamentos estáveis de dividendos após a listagem em Nova York, disse Cavalcanti.

“Após a listagem, pretendemos manter um nível de dividendos que atraia fundos de pensão que precisam desse fluxo de caixa”, afirmou.

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