Bloomberg Línea — A Global Eggs, empresa controlada pela brasileira Granja Faria, acertou a compra da americana Hillandale Farms por US$ 1,1 bilhão.
O negócio foi confirmado por Ricardo Faria, bilionário dono da Granja Faria, em entrevista ao jornal Financial Times. A Global Eggs também tem planos de realizar um IPO em Nova York.
O acordo revelado nesta quinta-feira (27) também prevê o investimento de US$ 300 milhões do BTG Pactual em troca de uma participação de 11% na Global Eggs.
O Houlihan Lokey assessorou a Hillandale Farms, e o Rabobank e o BTG Pactual, a Global Eggs.
Segundo o empresário, também conhecido como “Rei do Ovo”, a aquisição faz parte da estratégia de crescer no mercado internacional em momento de aumento dos preços dos ovos e de limitação da produção nos Estados Unidos, sob impacto de um surto de gripe aviária.
Leia mais: JBS compra 50% da Mantiqueira e reforça estratégia de diversificação com ovos
A família Bethel, proprietária da Hillandale, e a empresa brasileira, assinaram um acordo de compra vinculante. O acordo ainda depende de aprovações.
A Hillandale Farms foi fundada em 1958 por Orlando Bethel e tem sede em Greensburg, no estado americano da Pensilvânia. A sua incorporação deve dobrar a produção da Global Eggs.
Em novembro do ano passado, a Granja Faria realizou a sua primeira aquisição no exterior, que envolveu o controle do Grupo Hevo por € 120 milhões na Espanha.
“Os americanos adoram ovos. É um mercado com alto consumo”, disse Faria ao FT.
”Os ovos costumavam ser um produto para as classes de baixa renda. Nos últimos 15 anos, as classes de maior renda decidiram emagrecer, viver melhor e substituir alimentos como pão e leite por ovos no café da manhã”, afirmou o empresário ao jornal britânico.
O avanço da Granja Faria nos EUA acontece em um momento que as exportações de ovos do Brasil para o país estão em alta.
Apenas em fevereiro de 2025, as importações dos ovos brasileiros pelos EUA praticamente dobraram, com aumento de 93% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Além disso, existe uma barreira regulatória nos EUA: até janeiro, os ovos brasileiros eram utilizados apenas para ração.
Ou seja, o consumo in natura dos ovos brasileiros nos supermercados americanos ainda é restrito.
A compra de uma empresa com capacidade já estabelecida no país permite que a Granja Faria expanda a produção e também acesse de maneira mais direta o mercado de ovos in natura do país.
O mercado de ovos tem mostrado sinais de aquecimento dos negócios.
Em janeiro, a JBS anunciou a aquisição de 50% da brasileira Mantiqueira Alimentos, de propriedade da família Pinto e maior granja do país em volume de ovos produzidos.
O acordo envolveu a compra de 48,5% do capital social total e de 50% do capital com direito a voto da Mantiqueira, com enterprise value de R$ 1,9 bilhão.
Assim como a Granja Faria, a JBS tem a estratégia de crescer no mercado americano. Como antecipado pela Bloomberg Línea no ano passado, a Mantiqueira pretende aumentar a sua presença no exterior com a abertura de novos mercados. Hoje, 5% dos ovos da empresa são destinados à exportação.
Leia mais
Raiar quer popularizar o ovo orgânico. 2 milhões de galinhas são só o começo, diz CEO
Para combater escassez e inflação, EUA pretendem importar até 100 milhões de ovos
