Bloomberg — A safra de trigo da França tem caído para níveis próximos aos vistos pela última vez em 2020, já que o excesso de chuva no maior produtor agrícola da Europa prejudicou as perspectivas de colheita.
A produção de trigo deve cair 15,4% este ano, para 29,7 milhões de toneladas, de acordo com dados do Ministério da Agricultura. O número é 14,2% abaixo da média de cinco anos.
"Em vinte anos, apenas duas outras safras não ultrapassaram 30 milhões de toneladas", de acordo com o relatório. A estimativa, que provavelmente mudará à medida que a colheita avança, coloca a produção de 2024 perto de 29,2 milhões de toneladas em 2020.
As previsões para a safra já haviam sido reduzidas nos últimos meses devido às chuvas incessantes e à falta de sol desde a época do plantio no outono, além das temperaturas amenas que favorecem as doenças.
As áreas plantadas com trigo caíram 10,8%, para 4,2 milhões de hectares, em comparação com 2023.
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A queda na produção pode restringir as exportações do país, que frequentemente vende trigo para o norte da África e o Oriente Médio.
Além disso, o mau tempo também prejudicou as colheitas em outros grandes exportadores, como a Rússia, e o governo dos Estados Unidos prevê que os estoques globais atinjam o nível mais baixo em nove anos.
Esta primavera no hemisfério norte foi a quarta mais chuvosa já registrada na França, com precipitação 45% maior do que a média de 10 anos entre 1991-2020, de acordo com a Meteo France. Isso resultou em inundações e deslizamentos de terra em todo o país, inclusive em áreas agrícolas. O mês de junho também registrou um aumento de 20% nas chuvas.
O excesso de chuva - especialmente perto do início da colheita em julho - também pode prejudicar a qualidade dos grãos e tornar as plantações mais suscetíveis a doenças fúngicas. Alguns dos danos já são visíveis.
Apenas 58% da safra de trigo mole da França foi classificada em boas ou muito boas condições em 1º de julho, bem abaixo do nível do ano passado de 81%, de acordo com dados da FranceAgriMer.
-- Com a colaboração de Celia Bergin.
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