Bloomberg — Mais de US$ 3 bilhões em exportações de carnes bovina, suína e de aves dos Estados Unidos podem ser interrompidas, pois a elegibilidade para centenas de plantas de frigoríficos americanos que embarcam os produtos para a China está prestes a expirar na semana que vem.
Dezenas de unidades já tiveram suas autorizações expiradas em fevereiro no site da Administração Geral de Alfândegas da China, apesar dos pedidos dos Estados Unidos para que fossem renovadas.
As plantas, cuja aprovação expira na segunda-feira (17), foram inicialmente aprovadas há cinco anos como parte do acordo comercial da Fase 1 entre os Estados Unidos e a China.
As instalações incluem aquelas operadas pelos principais frigoríficos, incluindo a JBS (JBSS3), Tyson Foods (TSN), Cargill e Smithfield Foods.
Leia também: Maior produtor de carne da Tailândia acelera IPO no Vietnã de unidade offshore
Sob o pacto da Fase 1, a China concordou em comprar US$ 200 bilhões em produtos dos Estados Unidos no início de 2020 para resolver a disputa comercial durante o primeiro governo do presidente Donald Trump.
A questão agora está criando mais incertezas, já que Trump busca outra guerra comercial. O presidente dobrou as tarifas sobre produtos da China para 20%, preparando o cenário para novas tensões geopolíticas em seu segundo mandato.
Pequim respondeu com tarifas sobre uma variedade de produtos agrícolas, de carnes bovina e de aves a grãos.
“Isso significa que podemos enfrentar uma restrição completa à exportação”, disse Brett Stuart, sócio fundador da consultoria Global Agritrends.
Tantas plantas em processo de renovação criaram uma “situação extrema”, disse Joe Schuele, porta-voz da Federação de Exportação de Carne dos Estados Unidos, cujos membros incluem produtores de carnes bovina, suína e ovina.
A China fica atrás apenas do México em importações de carne americana, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
“O USDA, apesar dos esforços persistentes, não conseguiu obter uma resposta da China sobre as renovações pendentes das plantas”, disse Schuele por telefone, na quinta-feira (13).
A interrupção do comércio ocorre enquanto os produtores domésticos de carne da China lutam contra o excesso de oferta e enfraquecimento do consumo.
Os preços das carnes suína e bovina e dos laticínios caíram, deixando os criadores de suínos e pecuaristas com dificuldades para obter lucros.
Pequim também lançou uma investigação sobre importações de carne bovina para proteger seu setor doméstico, uma medida que provavelmente prejudicará os principais fornecedores: Brasil e Austrália.
O USDA não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Em um relatório de 25 de fevereiro, a agência disse que o país asiático liberou algumas remessas de plantas com aprovação vencida, e que a China também manteve o comércio com outros países, enquanto as partes trabalhavam para renovar os registros.
Um representante da Smithfield direcionou perguntas à Federação de Exportação de Carne dos Estados Unidos. A Tyson, a Cargill e a JBS não responderam imediatamente aos pedidos de comentário.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
SLC Agrícola projeta retomada da produtividade em ‘ano da soja e do algodão’, diz CEO
De Jack Daniel’s ao conhaque: setor de bebidas dos EUA se prepara para tarifas na UE