Bloomberg — As poucas chuvas previstas até o final do mês indicam que o nível do rio Mississippi pode diminuir ainda mais e comprometer o escoamento da safra americana para os portos.
“À medida que avançamos para dezembro, quando a maior parte da precipitação no norte cai na forma de neve, será difícil que os níveis de água se recuperem de forma significativa”, disse Susan Stroud, analista de grãos da No Bull.
É a mais nova ameaça à competitividade da soja e do milho americano em relação aos embarques do Brasil, onde, no momento, as lavouras estão no período de plantio e não oferecem muita concorrência.
Depois de um verão muito quente entre junho e o início de setembro no Hemisfério Norte, o nível da importante hidrovia americana caiu para uma mínima recorde de 12,04 pés (3,67 metros) abaixo do nível de base em meados de outubro, na altura de Memphis. Mas depois teve uma recuperação que ajudou no escoamento das exportações de grãos do país.
Novos declínios no nível de água, no entanto, poderão significar mais reveses para os produtores americano que já sofrem com custos logísticos mais altos que no Brasil e Argentina e com atrasos. As vendas pendentes para entrega na temporada atual estão entre as mais baixas da última década.
“Quando temos custos de transporte mais elevados, eles são repassados e isso afasta o comprador global em busca de bushels mais baratos em outras partes”, disse Stroud.
É improvável que as condições melhorem nos próximos meses, quando os EUA normalmente se beneficia da concorrência menor até que a próxima safra do Brasil comece.
As barcaças que se dirigem para os portos do sul dos EUA estão transportando até 600 toneladas a menos de grãos por embarcação para evitar encalhamento, disse a American Commercial Baggage Line. Na última semana, a operadora sofreu a perda do equivalente a 14,6 barcos devido a atrasos.
Enquanto isso, o número de navios que aguardam nos portos do sul do país para carregar grãos nos próximos 10 dias caiu para o nível mais baixo desde pelo menos 2012 para esta época do ano, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA.
A situação é agravada pelo fato de o Canal do Panamá, um atalho importante entre os oceanos Atlântico e Pacífico, também registrar níveis historicamente baixos.
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