Esta startup quer levar tratores autônomos para pequenos e médios agricultores

Monarch, dos EUA, desenvolveu um equipamento elétrico e autônomo com tecnologia disponível hoje apenas para grandes máquinas; mercado brasileiro está nos planos

Monarch Tractor
21 de Março, 2024 | 03:27 PM

San Jose — A Monarch, uma startup com sede na Califórnia fundada em 2017, planeja levar tecnologias mais avançadas das máquinas agrícolas, hoje disponíveis apenas em grandes tratores, para pequenos e médios produtores.

A empresa desenvolveu um trator de pequeno porte que pode ser operado de forma autônoma em uma fazenda, sem a necessidade de um controlador humano.

O equipamento, com 2,34 metros de altura e 3,72 metros de comprimento, opera com um motor elétrico de 70 cavalos-potência, o que substitui o custo com combustível pelo consumo de eletricidade.

Segundo o CEO e cofundador, Praveen Penmetsa, a empresa vendeu 300 unidades no ano passado, que são utilizadas por agricultores nos Estados Unidos. Outros clientes incluem operadores de aeroportos e prefeituras, que utilizam o equipamento para outros tipos de usos, como cortar grama em grandes áreas.

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O trator tem custo de US$ 90.000 nos EUA, uma fração do custo de máquinas agrícolas de grande porte, que chegam a custar cerca de US$ 500.000 (aproximadamente R$ 2,5 milhões) no país.

No momento, o modelo MK-V é voltado para a produção de frutas e legumes, mas o executivo disse em entrevista à Bloomberg Línea que versões maiores estão em desenvolvimento, para atender a produção em larga escala de culturas como milho e soja.

“Quando começamos, o que queríamos era construir uma máquina que todo fazendeiro no mundo pudesse usar, porque 90% dos tratores vendidos são pequenos modelos com menos de 100 cavalos-potência”, afirmou o CEO durante palestra na conferência de tecnologia GTC, realizada pela Nvidia (NVDA) nesta semana em San Jose, na Califórnia.

Por enquanto, o foco da empresa é o mercado americano. Mas, à Bloomberg Línea, o CEO afirmou que espera oferecer o equipamento também a produtores brasileiros. A empresa agora se prepara para iniciar as vendas na Europa e tem feito contato com revendedores, segundo ele.

Além de Praveen, um dos fundadores da empresa é Carlo Mondavi, neto de Robert Mondavi, agricultor que foi pioneiro na produção de uvas e vinho na Califórnia. Hoje, os tratores são usados nas vinícolas do neto.

Carlo Mondavi afirmou em uma entrevista recente à imprensa americana que viu nos tratores da Monarch uma forma de reduzir o uso de herbicidas. Isso porque os tratores podem ser usados para cortar as plantas daninhas que crescem entre as vinícolas de forma menos custosa, o que torna a produção mais sustentável.

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O CEO da Monarch falou sobre esse tema em sua apresentação no evento da Nvidia. “Nós precisamos de equipamentos autônomos nas fazendas se quisermos substituir os químicos. Se você não usa químicos, alguém precisa cortar o mato de cinco a dez vezes por ano. Isso só vai acontecer se não for preciso ter uma pessoa no trator, afirmou.

Segundo o CEO, os tratores são equipados com câmeras especiais capazes de fazer uma varredura da plantação. Os computadores do equipamento conseguem reconhecer as plantas e criar uma representação virtual de toda a fazenda. Essa representação é atualizada cada vez que o trator passa pela mesma área.

O executivo explicou que os dados captados pelas máquinas abastecem um sistema da empresa. Com isso, a Monarch espera conectar os fazendeiros com outros prestadores de serviço, que também podem fazer uso dos dados.

O plano, segundo ele, é oferecer a plataforma até para outros fabricantes de tratores para criar o que ele chama de uma espécie de “sistema Android da agricultura”. No momento, a startup tem acordos com companhias como CNH Industrial, Kubota e Mahindra.

“Não apenas podemos apontar o que o trator está fazendo mas podemos dizer o que está acontecendo na fazenda. Podemos indicar quando essas operações ocorreram e, com o modelo gêmeo 3D, também posso mostrar como a planta se parece”, afirmou o executivo.

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Filipe Serrano

É editor sênior da Bloomberg Línea Brasil e jornalista especializado na cobertura de macroeconomia, negócios, internacional e tecnologia. Foi editor de economia no jornal O Estado de S. Paulo, e editor na Exame e na revista INFO, da Editora Abril. Tem pós-graduação em Relações Internacionais pela FGV-SP, e graduação em Jornalismo pela PUC-SP.