El Niño na África prejudica safra e impulsiona a busca por milho do Brasil

Movimento representaria a 1ª importação de milho brasileiro por nações africanas desde 2014; preço do milho branco já sobe 38% este ano

A seca desencadeada pelo fenômeno climático reduziu a produção de milho no sul da África em pelo menos 20%
Por Godfrey Marawanyika - Antony Sguazzin
15 de Abril, 2024 | 08:49 AM

Bloomberg — O Zimbábue está considerando importar milho do Brasil pela primeira vez desde 2014, depois que o El Niño prejudicou as safras do país e de seus vizinhos no sul da África.

A seca desencadeada pelo fenômeno climático reduziu a produção de milho da região em pelo menos 20%, e no Zimbábue, a queda foi de cerca de 60%. Malawi, Zâmbia e Zimbabué declararam estados de calamidade nacional por conta do impacto.

Normalmente, as três nações são autossuficientes, com déficits ocasionais cobertos por importações da África do Sul, maior produtor da região. Mas isso será difícil este ano, porque a África do Sul também produziu menos.

 Estimativas mostram uma colheita menor para os milhos branco e amarelo

Os futuros de milho branco saltaram para um recorde de 5.467 rands (US$ 290) a tonelada na Bolsa de Futuros da África do Sul, em Joanesburgo, nesta segunda-feira (15). O preço já saltou 38% este ano.

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“Vou liderar uma delegação a São Paulo no final deste mês para buscar mais de 300.000 toneladas de milho”, disse Tafadzwa Musarara, presidente da Associação de Moedores de Grãos do Zimbábue.

O milho branco é um alimento básico no sul da África, usado para fazer comidas típicas como pap e sadza, enquanto a variedade amarela é usada para ração animal. O milho amarelo pode ser obtido facilmente no mercado internacional, mas o branco não.

As importações serão provavelmente mais dispendiosas do que as provenientes da África do Sul porque terão de ser transportadas via marítima e demorarão mais tempo para chegar, aumentando as pressões sobre a inflação no Zimbábue, que está em cerca de 55%.

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