Efeito Trump? China faz compra atípica de 2 milhões de toneladas de soja do Brasil

Os importadores compraram pelo menos 40 cargas de grãos na primeira metade desta semana, segundo fontes, o equivalente a quase um terço do volume médio que a China processa em um mês

Os importadores reservaram os suprimentos para aproveitar a recente queda nos preços brasileiros, que haviam subido nos meses anteriores diante das consequências do agravamento das tensões sino-americanas
Por Hallie Gu
10 de Abril, 2025 | 02:12 PM

Bloomberg — Processadores de soja chineses adquiriram uma quantidade excepcionalmente grande de grãos brasileiros esta semana, enquanto a escalada da guerra comercial torna inviável as compras das safras dos Estados Unidos.

Os importadores compraram pelo menos 40 cargas do Brasil na primeira metade desta semana, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, que pediram anonimato por não estarem autorizadas a falar com a imprensa.

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Os importadores reservaram os suprimentos para aproveitar a recente queda nos preços brasileiros, que haviam subido nos meses anteriores diante das consequências do agravamento das tensões sino-americanas, disseram as fontes.

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Embora Pequim tenha se empenhado em diversificar suas compras agrícolas nos últimos anos — incluindo a compra de mais soja do Brasil, que agora é seu maior fornecedor — o grão ainda é a principal exportação agrícola dos EUA para a China. A disputa comercial se intensificou esta semana, com o presidente americano Donald Trump elevando as tarifas sobre o país asiático para 125%, após Pequim anunciar planos de retaliar com uma tarifa de 84%.

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Os embarques são, em sua maioria, para entrega em maio, junho e julho, e equivalem a pelo menos 2,4 milhões de toneladas, quase um terço do volume médio que a China normalmente processa em um mês, disseram as fontes. O maior importador mundial de soja geralmente depende do fornecimento brasileiro a partir de fevereiro, quando as exportações sul-americanas dominam o mercado. Contudo, a onda de compras desta semana foi excepcionalmente significativa e rápida, afirmaram as fontes.

Os compradores chineses também foram atraídos pelas margens mais altas no processamento interno do grão, após a alta dos preços do farelo de soja diante das preocupações com a guerra comercial.

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Os compradores comerciais chineses evitaram amplamente os grãos dos EUA nos últimos meses devido aos riscos da guerra comercial, mas a empresa estatal da China responsável pelos estoques estratégicos ainda realizou compras dos EUA para repor as reservas e apressou os embarques antes da posse de Trump em janeiro.

Ainda assim, a soja brasileira pode ficar mais cara, se as tensões entre EUA e China permanecerem elevadas, e uma escassez de oferta pode surgir no quarto trimestre, quando a China costuma recorrer à oferta da nova safra americana. Isso provavelmente manterá os processadores chineses vigilantes para as compras quando os preços caírem.

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