Depois do milho e da soja, Brasil agora ameaça liderança dos EUA no algodão

Estado do Texas, principal produtor americano, sofre com calor e seca; Brasil se tornou o maior exportador de milho na safra de 2023 e o líder em soja há uma década

Pé de algodão em campo nos Estados Unidos
Por Ilena Peng - Tarso Veloso
11 de Setembro, 2023 | 12:05 PM

Bloomberg — O Brasil está próximo de desbancar os Estados Unidos e se tornar o maior exportador de algodão do mundo, à medida que o Texas, a região de maior produção do país, sofre com um calor escaldante e a seca.

A diferença nas exportações de algodão entre os dois países está diminuindo acentuadamente devido a uma temporada robusta no Brasil, adicionando a fibra a uma lista crescente de culturas em que os Estados Unidos estão perdendo domínio.

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Essa perda seria mais um golpe para a agricultura americana. O Brasil se tornou o maior exportador de milho na safra de 2023 e o líder em exportações de soja há uma década. Rússia e União Europeia ultrapassaram os Estados Unidos nas exportações de trigo.

“Se a safra dos EUA continuar a se deteriorar, o Brasil poderá facilmente ultrapassar os EUA”, disse Peter Egli, diretor de gerenciamento de riscos na Plexus Cotton. “Eles já estão praticamente empatados nas estatísticas. Eu posso ver o Brasil se tornando o principal exportador nesta safra.”

Os Estados Unidos e o Brasil são os maiores exportadores de algodão do mundo, representando juntos mais da metade do suprimento global.

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Os EUA devem exportar 12,5 milhões de fardos na safra 2023-2024, mas essa estimativa provavelmente será reduzida quando o Departamento de Agricultura (USDA, na sigla em inglês) atualizar sua previsão nesta terça-feira (12). O Brasil prevê embarcar 11,25 milhões de fardos.

Os analistas esperam que o órgão reduza sua previsão de exportação devido à seca que afetou a colheita e reduziu a qualidade da fibra. A qualidade do algodão dos EUA “não tem sido tão boa” nos últimos anos devido às secas, enquanto a do Brasil tem “muito boa qualidade” devido aos padrões de chuvas, disse Jack Scoville, vice-presidente do Price Futures Group.

As condições da safra de algodão nos EUA estão em seu segundo pior nível de todos os tempos, com 40% da produção em uma área afetada pela seca até sexta-feira (8). Isso inclui quase todo o Texas, que teve o segundo verão mais quente já registrado neste ano, com uma temperatura média acima de 29°C, marcado por ondas de calor. Apenas 11% da safra de algodão do estado foi classificada como boa ou excelente, de acordo com dados do USDA.

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A produção dos EUA na safra atual está prestes a ficar um pouco abaixo de 14 milhões de fardos, de acordo com o USDA. Isso é menos do que a infraestrutura da indústria do algodão dos EUA foi projetada para suportar, disse Buddy Allen, presidente da American Cotton Shippers Association.

O Brasil está a menos de 1 milhão de fardos atrás da produção dos EUA, tornando-se o “concorrente mais formidável” do país, acrescentou.

Espera-se que o Brasil continue aumentando a produção e a exportação de algodão nos próximos anos. À medida que os preços do milho caem, os agricultores podem optar por mudar parte de sua área de segunda safra do milho para o algodão. Nos preços atuais, as margens são muito melhores no Brasil em comparação com as margens dos agricultores dos EUA.

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“Estamos ouvindo dizer que os agricultores estão planejando aumentar a área plantada de algodão para o próximo ano”, disse Cleiton Gauer, superintendente do IMEA, uma agência estadual responsável pelas previsões de colheita. “Uma vez que não podemos absorver toda a oferta, exportaremos mais.”

-- Com a colaboração de Michael Hirtzer.

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