De olho no mercado agro, Vibra aposta em novo diesel para maquinário

Combustível lançado pela distribuidora tem alegado ganho de 5% em eficiência em relação ao diesel comum; investimento recente em infraestrutura no setor foi de R$ 500 milhões

Maíz bresileño
Por Naiara Albuquerque
31 de Outubro, 2024 | 01:18 PM

Bloomberg Línea — A Vibra (VBBR3) aposta em dois novos produtos para “chegar ao topo” das fazendas do agronegócio, segundo disse Juliano Prado, VP executivo comercial B2B e avião, em evento nesta quarta-feira (30) em São Paulo.

Um dos novos produtos é uma nova marca de óleo diesel, chamada de Vibra Agritop, voltada para o uso em maquinário agrícola, como caminhões e tratores. Ele terá distribuição, a princípio, exclusiva para o mercado B2B e empresas de grande porte, com consumo superior a 15 mil metros cúbicos de diesel. A companhia também pretende atender clientes menores via parceria com revendedores.

Os ganhos com eficiência da queima do novo diesel em relação ao comum estão em 5%, o que, segundo Prado, será um diferencial importante a ser levado em conta para redução de custos.

Nos testes feitos nos últimos nove meses, o combustível apresentou resultado ainda superior, segundo o executivo, com ganhos que oscilaram entre 11% e 13%. A empresa não detalhou o valor pelo qual o combustível será vendido.

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A composição do produto tende a evitar entupimentos e falhas no sistema de injeção, segundo a companhia, o que pode reduzir, em tese, os gastos com manutenção no médio prazo.

A melhor eficiência acontece em razão da maior presença de cetano no combustível.

Com a nova estratégia, a Vibra espera aumentar seu market share para 12,3% em lubrificantes, para 25,6% em diesel (rotas de escoamento) e para 10% em diesel (maquinário de grãos) até 2030.

Atualmente, a empresa tem 22% de participação no agro como um todo, enquanto no mercado nacional o market share está em 30%.

De imediato, cem municípios serão considerados prioritários para a empresa, que pretende chegar aos principais corredores e rotas de todo o país nos próximos anos. Até janeiro, mais seis zonas vão entrar no foco estratégico da distribuidora para a venda do novo diesel.

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Com essa estratégia, a antiga BR Distribuidora quer consolidar a sua presença no agronegócios a partir da venda do combustível para grandes empresas e cooperativas do setor.

Juliano Prado, VP executivo comercial B2B e aviação  da Vibra e Vanessa Gordilho, VP de negócios e marketing

Por que no agro?

”Quantas vezes por ano um produtor compra sementes? Agora, quantas vezes o mesmo produtor abastece seu maquinário para abastecer?”, questionou Dario Maffei, diretor de agronegócio da Vibra, ao explicar a lógica que contribuiu para a decisão da empresa de investir no setor.

Além da recorrência das compras pelo produtor agrícola, o interesse da Vibra é alinhado com a importância do setor para a economia brasileira: em 2023, o crescimento de 2,9% do PIB brasileiro foi impulsionado pelo agronegócio. Em um ano, o crescimento da atividade agrícola foi de 15,1%.

Por isso, e não à toa, a empresa investiu R$ 500 milhões em infraestrutura voltada ao agronegócio do país recentemente.

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A Vibra também destacou, entre as suas ações, a construção de novas bases no Centro-Oeste e na região do Arco Norte, e o desenvolvimento do novo diesel, que teve dois anos de P&D (pesquisa e desenvolvimento).

Além disso, o Lubrax Unitractor, lubrificante também pensado exclusivamente para o maquinário agrícola, chega ao mercado para reforçar a presença no setor.

Vanessa Gordilho, VP de negócios e marketing, disse no mesmo evento que a empresa terá um lançamento em H2V, um diesel verde, na próxima semana, mas não deu mais detalhes.

Com presença já estabelecida na distribuição de combustíveis dos principais postos do país, a Vibra tem executado uma ofensiva estratégica preparada para ganhar novos clientes, com um portfolio de energias renováveis e não renováveis.

“Há uma oportunidade para entregar a energia de que o mercado brasileiro precisa”, disse Gordilho.

Em agosto, a Vibra avançou no mercado de energia solar com a aquisição dos 50% que não tinha da Comerc por R$ 3,5 bilhões - na época, a empresa de energia sustentável foi avaliada em R$ 7,05 bilhões.

A transição energética sustentável dos combustíveis está no horizonte da companhia, mas a partir da demanda de seu público.

A empresa já investiu cerca de R$ 4 bilhões em projetos em parceria com outras companhias, entre elas a já citada Comerc. Até janeiro, a expectativa é que esse investimento chegue a R$ 7 bilhões.

Nesse sentido, contou Prado, ampliar a atuação com aviões agrícolas também está nos planos - assim como a disponibilidade de gás natural, que contribuiria para pavimentar o caminho para a transição energética.

Naiara Albuquerque

Naiara Albuquerque

É editora-assistente da Bloomberg Línea Brasil. Foi repórter na editoria de Agronegócios do jornal Valor Econômico. Já produziu podcasts, vídeos e reportagens para Capricho, Nexo Jornal, Exame e Jota. É mestranda em comunicação pela Unisinos e tem graduação em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero.