De café a soja: pior seca dos últimos 40 anos coloca em risco a safra brasileira

Segundo o Cemaden, algumas das principais regiões agrícolas tiveram o clima mais seco desde 1981, o que ameaça a colheita

Colheita de soja
Por Dayanne Sousa - Clarice Couto
30 de Agosto, 2024 | 01:38 PM

Bloomberg — Primeiro vieram os incêndios que queimaram os campos de cana-de-açúcar. Agora, a pior seca em mais de quatro décadas ameaça as plantações de café e soja no Brasil.

De maio a agosto, algumas áreas agrícolas importantes enfrentaram o clima mais seco desde 1981, de acordo com o centro de monitoramento de desastres naturais Cemaden.

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E não há alívio à vista: não há previsão de chuva por pelo menos mais duas semanas, período em que os cafeeiros geralmente florescem e os agricultores começam a plantar soja.

A falta de chuvas apresenta riscos para o fornecimento global de grãos em um mundo que se tornou cada vez mais dependente do Brasil para todo tipo de produto, desde açúcar até café e soja.

As perdas podem aumentar o estresse financeiro dos agricultores brasileiros que já enfrentam a queda acentuada nos preços.

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"Esta é uma das piores secas da história do café", disse Regis Ricco, diretor da RR Consultoria Rural, que presta serviços agronômicos a vários produtores nas áreas de maior cultivo do Brasil.

Leia também: Produção de café avança em outros países como alternativa ao domínio do Brasil

A seca prolongada em áreas que produzem café arábica, o tipo preferido pela Starbucks (SBUX), provavelmente danificará os botões antes que as árvores possam florescer para a próxima safra, segundo Ricco. Não houve nenhuma chuva significativa nas regiões de arábica desde março, segundo ele.

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A floração é um momento crítico para o café, pois ela se transforma nos frutos que contêm os grãos. Os futuros do arábica já subiram mais de 30% este ano, e as perdas de safra no Brasil podem aumentar a alta.

"Se houver problemas com a floração, haverá perdas, não importa o que aconteça com o clima mais tarde", disse o analista da StoneX, Fernando Maximiliano.

Os incêndios florestais que atingiram os canaviais na semana passada já fizeram com que a Czarnikow Group, uma corretora de commodities sediada em Londres, revisasse para baixo a previsão para a produção de açúcar do Brasil na atual safra. Isso é um revés para um país que inicialmente esperava uma colheita gigantesca.

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Como o tempo continua seco e as temperaturas altas, o estado de São Paulo, que é o principal produtor de cana-de-açúcar, está em alerta para mais incêndios florestais neste fim de semana.

Queimadas afetaram a produção de cana no interior de SP (Foto: Victor Moriyama/Bloomberg)

As chuvas regulares que são típicas da primavera provavelmente serão adiadas para o final de outubro, disse o meteorologista da Rural Clima, Marco Antonio dos Santos.

As chuvas abaixo da média esperadas para setembro e outubro também podem levar os agricultores de Mato Grosso a adiar a semeadura da soja até que a umidade melhore, segundo a analista da AgRural Daniele Siqueira.

Os produtores que optarem por semear enquanto os solos ainda estiverem secos podem precisar fazer o replantio.

O atraso na semeadura da soja também pode atrasar a colheita de outras culturas que normalmente são plantadas mais tarde no ano, como algodão e milho.

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