Crise do café: seca no Vietnã afeta produção local e pressiona preço global dos grãos

O maior produtor mundial da variedade robusta teve um resultado pior do que o esperado, o que reduz os estoques no mundo e pode gerar aumento do custo da bebida

A oferta global ficou mais restrita após problemas de colheita em outros produtores importantes, como o Brasil, e os futuros do robusta em Londres subiram quase 70% no último ano
Por Nguyen Dieu Tu Uyen - Francesca Stevens
12 de Março, 2025 | 01:04 PM

Bloomberg — A produção de café do Vietnã nesta temporada deverá ser menor do que no ano anterior devido ao mau tempo, agravando a escassez de oferta que fez com que os preços globais subissem.

O maior produtor mundial da variedade robusta prevê alcançar 26,5 milhões de sacas para 2024-25, disse Nguyen Nam Hai, presidente da Associação de Café e Cacau do Vietnã, conhecida como Vicofa. Esse número é inferior à estimativa de dezembro do grupo e se compara com 27 milhões de sacas em 2023-24.

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A oferta global ficou mais restrita após problemas de colheita em outros produtores importantes, como o Brasil, e os futuros do robusta em Londres subiram quase 70% no último ano. No Vietnã, a seca afetou a safra, disse Hai em uma entrevista no Festival do Café Buon Ma Thuot, na província de Dak Lak.

“Estamos enfrentando uma escassez de café neste ano devido aos muitos eventos climáticos, eventos fortes” nas áreas de cultivo em todo o mundo, disse Vanúsia Nogueira, diretora executiva da Organização Internacional do Café, em uma entrevista. “Estamos com estoques muito baixos”.

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A safra 2024-25 do Vietnã está nos estágios finais e os grãos logo estarão sendo desenvolvidos para a próxima temporada. A floração do cafeeiro “parece boa” até o momento porque houve muita chuva, disse Hai, da Vicofa, o que pode ser benéfico para o suprimento futuro.

Os futuros do robusta, a variedade normalmente usada para bebidas instantâneas e espressos, caíram para US$ 5.527 por tonelada em Londres na quarta-feira. O café arábica, os grãos de alta qualidade preferidos nas bebidas especiais, caíram 1,5% em Nova York.

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