Como a Basf planeja crescer em insumos agrícolas com o mercado em transformação

Empresa investiu cerca de R$ 85 milhões para ampliar a capacidade de produção em Guaratinguetá (SP) diante de demanda, disse diretor de operações, Paulo Celso Mathias, à Bloomberg Línea

complexo químico basf
06 de Junho, 2024 | 12:11 PM

Bloomberg Línea — A gigante da indústria química Basf se prepara para atender a demanda de insumos agrícolas em constante transformação. Com os produtores rurais comprando cada vez mais “em cima da hora”, o grupo alemão aposta no aumento da capacidade de produção do complexo de Guaratinguetá, no interior de São Paulo, para fazer frente ao novo cenário.

No final do ano passado, a Basf concluiu um investimento de 15 milhões de euros (cerca de R$ 85 milhões) para ampliar em 45% a capacidade de produção anual da área de formulações de fungicidas e inseticidas na fábrica paulista.

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“Fizemos esse aporte em Guaratinguetá para suportar melhor a demanda, queremos ter condições de produzir mais perto do cliente e não depender tanto de importação. Além disso, nosso objetivo é viabilizar o lançamento de novas moléculas, que vão alavancar fortemente o mercado agrícola local”, afirma o diretor de operações e supply chain de soluções para agricultura da Basf América Latina, Paulo Celso Mathias, em entrevista à Bloomberg Línea.

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Globalmente, a divisão de soluções para agricultura do grupo gerou vendas de 10,1 bilhões de euros em 2023.

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O complexo fabril de Guaratinguetá é o maior da Basf na América Latina, com 13 plantas produtivas e área total de 369 hectares. No local, o grupo é capaz de produzir todo o seu portfólio. “São plantas flexíveis, cuja produção depende do mix que a empresa vende”, pondera Mathias.

A unidade atende toda a América Latina, com exportações para mercados como Argentina, Colômbia, Equador, Paraguai, Bolívia, Chile, Peru e países da América Central.

“A estratégia é seguir fortalecendo nossa base de produção na região, até para mitigar os riscos da pandemia, crises logísticas e de fontes de abastecimento externas. Vamos investir e fortalecer nossa presença na região.”

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Seis plantas produtivas são dedicadas somente ao agronegócio na fábrica de Guaratinguetá. A adoção da estratégia de aumento de capacidade ocorre em um momento em que o setor agrícola enfrenta inúmeros desafios, como efeitos do El Niño, queda dos preços das commodities e juros ainda elevados.

Neste contexto, as margens no campo estão cada vez mais pressionadas, o que tem levado a um movimento de compra de insumos “da mão para a boca”: o produtor estoca pouco – ou mesmo não estoca – e compra somente na largada da safra.

Isso tem trazido desafios de logística tanto para as indústrias quanto para os distribuidores. A ideia da Basf é reduzir o tempo de entrega dos insumos, com maior oferta local, além de reforçar a malha de distribuição instalada no país. “Temos 9 centros [CDs] espalhados nos estados”, diz Mathias.

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Mercado de distribuição

O mercado de distribuição de insumos agrícolas vem se profissionalizando no país, com a expansão de empresas dedicadas à atividade. A Lavoro, controlada pelo Pátria, vem apostando em uma estratégia de fusões e aquisições para avançar no segmento. A Agrogalaxy (AGXY3), que também nasceu de uma gestora, a Aqua Capital, tem se beneficiado de sua posição como companhia listada para ganhar espaço neste mercado.

Outras empresas como Sinagro e Belagrícola completam a lista de grandes distribuidores de insumos agrícolas, que vêm mudando a forma de fazer negócio no campo. Isso porque o produtor – seja de pequeno ou grande porte – é altamente dependente de diversos mecanismos de financiamento para tocar a safra.

Mathias observa que o movimento de expansão desse mercado já aconteceu nas duas últimas safras, mas que o planejamento da Basf não muda. “Permanecemos com a nossa estratégia de parceria com os distribuidores, temos conseguido trabalhar com esses fundos de investimentos que estão investindo muito na malha de distribuição.”

Segundo o executivo, a Basf trabalha com diversos modelos de comercialização de produtos, desde a venda direta ao produtor e cooperativas até o atendimento através de distribuidoras, além de soluções financeiras que incluem o chamado “barter” (troca do insumo pelo grão). “Acreditamos ter um serviço diferenciado para o cliente”, diz.

Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.