Bloomberg — Nos últimos três anos, um dos investimentos mais importantes no Brasil tem sido a indústria de financiamento agrícola. Não mais.
O mercado dos chamados Fiagros, fundos de investimento centrados em recebíveis agrícolas, como juros, dividendos e pagamentos de arrendamento de terras, deve estagnar este ano, depois de uma onda de defaults de agricultores ter gerado incerteza.
Esta é a análise de um alto executivo da XP (XP), que acaba de realizar um evento que reuniu milhares de pessoas em São Paulo para tranquilizar os investidores sobre a força do setor do agronegócio.
“Este é um ano que praticamente a gente vai andar de lado em termos de incremento”, disse Pedro Freitas, head de agronegócio da XP, sobre as emissões de Fiagros, que foram criados em 2021 e tinham cerca de R$ 36 bilhões em ativos sob gestão em maio. “Os gestores dos Fiagros precisam mostrar sua capacidade de enfrentar esse momento.”
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As entradas líquidas em Fiagros caíram 66% em relação ao ano anterior até agora em 2024, de acordo com a Anbima. Os investidores do varejo ficaram mais cautelosos com a exposição à agricultura, uma vez que a queda dos preços do milho e da soja levou alguns agricultores endividados a ignorarem os pagamentos de linhas de crédito ligadas aos Fiagros, como a Galápagos Recebíveis do Agronegocio. Margens de lucro mais estreitas também devem levar a uma desaceleração no ritmo de crescimento da área plantada observado nos últimos anos.
Para a XP, que tem participação de 70% na distribuição desses recursos aos investidores, realizar um grande festival que poderia ser descrito como “Farmpalooza” em São Paulo foi um passo lógico para ajudar a restaurar a percepção sobre o setor.
O Global Agribusiness Festival, realizado nos dias 27 e 28 de junho, deu a oportunidade de enfatizar aos clientes a vitalidade do setor agropecuário e as oportunidades que ainda oferece.
É preciso mostrar aos investidores de renda fixa que os produtores de açúcar e etanol, café, suco de laranja e frango estão indo bem e oferecem uma alternativa para diversificar, longe do problemático setor de grãos, segundo Freitas.
O evento da XP, realizado na mesma arena de futebol que recentemente recebeu shows de Taylor Swift e Paul McCartney, contou com desde exposições de empresas de tecnologia agrícola até cantores de música sertaneja brasileira e barracas de churrasco.
“Tenho certeza de que atraímos pessoas que sabem pouco sobre o agronegócio”, disse Freitas, acrescentando que a XP também busca fortalecer seu relacionamento com grandes empresas agrícolas que usam títulos para financiar suas operações. “Mostrando isso para os investidores, sem dúvida nenhuma aproxima ainda mais o setor da cidade, do mercado.”
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