Bloomberg — A China iniciou uma investigação sobre as importações de carne bovina para decidir se um aumento nos embarques do exterior prejudicou o setor doméstico, informou o Ministério do Comércio nesta sexta-feira (27).
A investigação, iniciada a pedido das associações do setor doméstico, provavelmente terminará em oito meses, mas poderá ser prorrogada em circunstâncias especiais, de acordo com um comunicado no site do ministério.
Qualquer medida de salvaguarda adotada pelo maior comprador de carne bovina do mundo pode prejudicar os principais exportadores, como o Brasil, a Argentina e a Austrália.
As importações do país aumentaram mais de 70% entre 2019 e meados de 2024, o que impactou diretamente na indústria doméstica, disseram grupos que representam o setor de criação de animais de várias regiões produtoras importantes em suas petições.
Os produtores de carne bovina da China relutam com perdas depois que os preços locais caíram para mínimos de vários anos devido ao excesso de oferta e ao consumo lento.
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A investigação mais recente e qualquer ação provável podem prejudicar os fazendeiros e produtores do Brasil, que responde por quase metade do total de importações de carne bovina da China.
Embora o Brasil tenha adotado laços mais estreitos com Pequim, o país também se opôs a investida de exportações baratas da China.
Em outubro, o Brasil impôs novas tarifas sobre vários produtos da China e de outros países asiáticos, incluindo um aumento nas taxas sobre fibras ópticas e cabos, além de produtos de ferro e aço.
Na sexta-feira, a Associação Brasileira de Exportadores de Carne Bovina (ABIEC) disse que estava “acompanhando de perto” a investigação.
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"Como um importante parceiro comercial, estamos comprometidos em cooperar com as autoridades chinesas e brasileiras", disse o grupo em um comunicado.
Algumas investigações anteriores da China contra outros países resultaram em impostos. Em 2020, a China impôs taxas antidumping sobre a cevada australiana, à medida que as tensões diplomáticas aumentavam entre os dois parceiros comerciais.
--Com a ajuda de Megan Durisin, Josh Xiao e Dayanne Sousa.
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