Bloomberg — O Brasil negocia a aprovação da China para que mais frigoríficos possam exportar para o país asiático, segundo o ministro de Agricultura, Carlos Fávaro.
Atualmente, as negociações acontecem para obter autorização de 10 a 15 instalações de carne bovina, de frango e suína, disse Fávaro durante o evento Bloomberg New Economy, em São Paulo, na terça-feira (22).
Um anúncio poderia ser feito já no próximo mês, durante a reunião do G20 no Brasil, acrescentou o ministro.
A China é o principal mercado para a carne bovina, de frango e suína brasileira, e ter mais plantas aprovadas para exportação seria um benefício para empresas como a JBS (JBSS3), a principal fornecedora de carne, e suas rivais Minerva (BEEF3), Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3).
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O país asiático, o maior comprador de commodities do mundo, responde por cerca de 14% das exportações de frango do Brasil e quase metade dos embarques de carne bovina.
As conversas ocorrem no momento em que Fávaro disse que o Brasil deveria aderir à Iniciativa Cinturão e Rota da China, o principal programa de infraestrutura e comércio global da China, para combater as medidas protecionistas dos EUA e da União Europeia.
A ideia dividiu o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que busca atrair novos investimentos para a maior economia da América Latina.
“O processo sanitário para aprovar os frigoríficos está em andamento”, disse Fávaro, que disse que também trabalhava para abrir o mercado chinês para novos produtos agrícolas, como sorgo, uvas, sementes de gergelim e subprodutos de carne suína, como pés e orelhas.
A última vez que a China liberou frigoríficos brasileiros para exportação foi em março. Na ocasião, 38 instalações foram aprovadas.
O Brasil ampliou sua participação no comércio global de carne nos últimos anos, já que seus concorrentes, incluindo os EUA, enfrentam restrições de fornecimento.
O país sul-americano deve responder por 36% de todas as exportações de frango e 28% de todos os embarques de carne bovina neste ano, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA.
A ideia de aderir à Iniciativa Cinturão e Rota provocou um debate no governo de Lula. Isso porque alguns ministros argumentam que é necessário atrair novos investimentos maciços, enquanto outros temem que a parceria possa prejudicar as relações existentes com os EUA e a UE.
Apesar disso, Favaro argumentou que isso poderia ser feito sem “criar disputas com ninguém”.
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