Cargill: resultado reforça alerta de mudança dos tempos para tradings globais

Maior empresa de comercialização de produtos agrícolas do mundo teve queda de 10% nas receitas no ano fiscal encerrado em maio, enquanto ADM e Bunge apresentaram lucros menores

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Bloomberg — A Cargill sofreu uma queda de quase 10% em sua receita no último ano fiscal, um revés para a maior trading de produtos agrícolas do mundo após dois anos consecutivos de vendas recordes.

A receita nos 12 meses encerrados em maio caiu para US$ 160 bilhões, em comparação com cerca de US$ 177 bilhões no período anterior, informou a empresa de capital fechado com sede em Minneapolis na terça-feira (13) em seu relatório anual.

O número vem no momento em que o CEO Brian Sikes tem simplificado as operações depois de não atingir as metas de lucro - sua primeira grande mudança desde que assumiu o comando daquela que há muito tempo é considerada a maior empresa de capital fechado dos Estados Unidos.

Leia mais: Bunge prevê lucro menor que o esperado com queda dos preços de grãos

As colheitas globais abundantes reduziram os lucros das tradings globais de commodities agrícolas, como a Cargill.

As rivais Archer-Daniels-Midland (ADM) e Bunge Global - que compõem os chamados ABCDs do trading global de commodities agrícolas ao lado da Louis Dreyfus - recentemente divulgaram lucros menores.

A Cargill decidiu reduzir o número de unidades de negócios de cinco para três, como parte de sua estratégia para 2030, segundo informou a Bloomberg News na semana passada.

As tradings de grãos estão sob pressão devido à ampla oferta, o que reverte os ganhos inesperados dos anos anteriores, quando as perdas de safra e a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022 fizeram os preços subirem.

As margens do processamento da soja em farelo e óleo - um dos principais impulsionadores dos lucros - também sofreram queda.

Para a Cargill, o aperto nas margens também foi agravado pelo menor rebanho bovino americano em sete décadas.

A gigante do comércio agrícola passou grande parte da última década transformando-se no terceiro maior processador de carne bovina dos EUA - uma aposta que valeu a pena durante a liderança do ex-CEO David MacLennan, mas que começava a falhar quando Sikes assumiu o cargo em janeiro de 2023.

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