Cargill: resultado reforça alerta de mudança dos tempos para tradings globais

Maior empresa de comercialização de produtos agrícolas do mundo teve queda de 10% nas receitas no ano fiscal encerrado em maio, enquanto ADM e Bunge apresentaram lucros menores

Receitas da Cargill foram impactadas por safras acima do esperado, o que pressionou para baixo as cotações de grãos (Foto: Christinne Muschi/Bloomberg)
Por Tarso Veloso
14 de Agosto, 2024 | 02:24 PM

Bloomberg — A Cargill sofreu uma queda de quase 10% em sua receita no último ano fiscal, um revés para a maior trading de produtos agrícolas do mundo após dois anos consecutivos de vendas recordes.

A receita nos 12 meses encerrados em maio caiu para US$ 160 bilhões, em comparação com cerca de US$ 177 bilhões no período anterior, informou a empresa de capital fechado com sede em Minneapolis na terça-feira (13) em seu relatório anual.

O número vem no momento em que o CEO Brian Sikes tem simplificado as operações depois de não atingir as metas de lucro - sua primeira grande mudança desde que assumiu o comando daquela que há muito tempo é considerada a maior empresa de capital fechado dos Estados Unidos.

Leia mais: Bunge prevê lucro menor que o esperado com queda dos preços de grãos

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As colheitas globais abundantes reduziram os lucros das tradings globais de commodities agrícolas, como a Cargill.

As rivais Archer-Daniels-Midland (ADM) e Bunge Global - que compõem os chamados ABCDs do trading global de commodities agrícolas ao lado da Louis Dreyfus - recentemente divulgaram lucros menores.

A Cargill decidiu reduzir o número de unidades de negócios de cinco para três, como parte de sua estratégia para 2030, segundo informou a Bloomberg News na semana passada.

Receitas da Cargill recuam no ano fiscal encerrado em 2024 depois de dois exercícios com recordes de vendas

As tradings de grãos estão sob pressão devido à ampla oferta, o que reverte os ganhos inesperados dos anos anteriores, quando as perdas de safra e a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022 fizeram os preços subirem.

As margens do processamento da soja em farelo e óleo - um dos principais impulsionadores dos lucros - também sofreram queda.

Para a Cargill, o aperto nas margens também foi agravado pelo menor rebanho bovino americano em sete décadas.

A gigante do comércio agrícola passou grande parte da última década transformando-se no terceiro maior processador de carne bovina dos EUA - uma aposta que valeu a pena durante a liderança do ex-CEO David MacLennan, mas que começava a falhar quando Sikes assumiu o cargo em janeiro de 2023.

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