Calor de até 40°C no Leste Europeu reduz as perspectivas para a produção de milho

Países como Ucrânia, Romênia e Bulgária têm sofrido uma onda de calor que ameaça afetar a safra

Plantação de milho
Por Celia Bergin - Áine Quinn - Kateryna Chursina
18 de Julho, 2024 | 10:45 AM

Bloomberg — O calor escaldante que atinge o leste da Europa e a região do Mar Negro tem prejudicado as plantações de milho em um momento crucial do desenvolvimento da safra, o que gera preocupações quanto a um aperto na oferta global.

As temperaturas ultrapassaram os 38°C na Ucrânia - um dos principais exportadores mundiais de milho. A Romênia, um dos principais produtores da União Europeia, está em meio a uma seca.

O clima rigoroso ocorre quando a safra está em um estágio crítico de polinização. O calor pode impedir a formação de grãos ou fazer com que as plantas existentes murchem.

“Em dez dias de julho, observamos temperaturas acima de 35 graus Celsius. As abelhas não polinizam nessas temperaturas”, disse Tetiana Adamenko, chefe do departamento de agricultura do Centro Nacional de Hidrometeorologia da Ucrânia, por telefone. “Parece preliminarmente que a colheita de milho será de 20% a 30% menor do que o esperado.”

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Espera-se que as exportações de milho do país caiam cerca de um quinto na safra 2024-25, com áreas de plantio e rendimentos menores. A consultoria Strategie Grains revisou ligeiramente para baixo suas estimativas para a safra de milho da União Europeia, em seu último relatório.

A Romênia planeja pedir ajuda à União Europeia para compensar seus agricultores por mais de 500 milhões de euros (US$ 546 milhões) em danos à safra de mais de 2 milhões de hectares de milho e girassol do país, disse o ministro da Agricultura, Florin Barbu, em entrevista à agência de notícias estatal Agerpres.

Uma queda na produção de milho ameaça diminuir os estoques e aumentar os custos para alimentar os rebanhos de gado no continente. Os preços locais têm resistido à recente queda nos futuros de referência de Chicago.

Os danos às colheitas também destacam os riscos à segurança alimentar e aos custos de vida, à medida que as mudanças climáticas afetam os agricultores em todo o mundo.

Temperaturas recordes foram registradas em várias cidades ucranianas neste mês, e a Bulgária e a Romênia tiveram o junho mais quente já registrado.

A Romênia alertou que as temperaturas poderiam ultrapassar 40°C, afetando as reservas de água para a agricultura e a produção de eletricidade, de acordo com o ministro da Energia Sebastian Burduja.

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“Não é apenas a falta de precipitação, agora é a reserva de água do solo”, disse Marius Somesan, um agricultor de Teleorman, na Romênia, que cultiva trigo, cevada, girassóis e uma pequena quantidade de milho.

Mesmo depois de cavar até um metro na terra, ele disse que não há água, pois "tudo está secando. Toda a água já foi absorvida pelas plantas".

-- Com a colaboração de Andra Timu, Slav Okov e Eamon Akil Farhat.

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