Bloomberg — Os preços do cacau despencaram 27% em apenas dois dias, em meio a uma liquidação de apostas caras demais para muitos investidores e empresas.
Os futuros de cacau chegaram a cair 13% em Nova York nesta terça-feira (30), depois de uma queda de 16% na segunda-feira (29). É uma reviravolta brusca para um mercado que viu os preços mais que dobrarem este ano, para perto de US$ 12.000 a tonelada, batendo um recorde após o outro.
Isso não só aumentou os custos de fabricação de chocolate, mas também tornou muito cara a manutenção de posições e levou os investidores a encerrarem suas apostas, o que diminuiu a liquidez e tornou o mercado mais vulnerável a grandes oscilações de preços.
Leia mais: Chocolate mais caro: o que tem impactado o cacau e por que os preços podem subir mais
A disparada do cacau este ano tornou a commodity agrícola mais cara do que o cobre. Pierre Andurand, um dos mais conhecidos investidores no mercado futuro de petróleo, apostou em preços mais altos do cacau antes do recente salto. Ele previu que os futuros ultrapassarão US$ 20.000 por tonelada este ano.
A magnitude da queda recente dos preços foi uma surpresa, e pode ser breve porque os fundamentos não mudaram, disse Fuad Mohammed Abubakar, chefe da Ghana Cocoa Marketing Company UK, subsidiária da agência reguladora do cacau de Gana.
“A ação do mercado nos últimos três dias mostra que a queda é sempre mais fácil e rápida do que o aumento”, disse ele.
As safras na África Ocidental foram prejudicadas por pragas e condições climáticas adversas, colocando o mercado global rumo a um terceiro ano seguido de déficit de oferta. O montante pago aos produtores também é muito inferior aos preços do mercado, o que os torna menos capazes de investir nas plantações.
Com a alta dos preços, os investidores tiveram que colocar mais dinheiro para cobrir chamadas de margem, uma garantia exigida pelas bolsas de futuros. Isso levou muitos a encerrarem suas posições.
Leia mais: Produção de cacau no Brasil renasce com mecanização e plantio no Cerrado
O fim do El Niño poderá ajudar na recuperação das safras no ano que vem, disse Marijn Moesbergen, líder da área de fornecimento da Cargill, durante a Conferência Mundial do Cacau em Bruxelas. Os preços podem ter subido demais e o mercado precisa encontrar um novo equilíbrio entre oferta e demanda, acrescentou.
--Com a colaboração de Megan Durisin Albery.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
CEO do C6 Bank: Itaú, Bradesco e Santander são nossos principais concorrentes
Bilionário dono da L’Occitane faz oferta para fechar capital com valuation de € 6 bi
© 2024 Bloomberg L.P.