Brasil mira o Japão para ampliar exportações de carne bovina ainda em 2025

Em movimento que pode levar a uma disputa com as vendas dos EUA, setor está otimista de que vai conseguir superar questionamentos sobre controle de doenças como febre aftosa

Maior exportador de carne bovina do mundo está em negociações avançadas para iniciar os embarques para o país asiático, em um movimento que pode prejudicar as vendas dos EUA
Por Clarice Couto - Michael Hirtzer
23 de Janeiro, 2025 | 03:13 PM

Bloomberg — Maior exportador de carne bovina do mundo, o Brasil está em negociações avançadas para iniciar vendas para o Japão, de acordo com um importante grupo do setor, em um movimento que pode prejudicar as vendas dos EUA para o país asiático.

O Brasil tem fornecido ao Japão informações sobre seu sistema de produção e embarques há duas décadas, e agora o setor está otimista de que o terceiro maior importador mundial de carne finalmente abrirá seu mercado, de acordo com Roberto Perosa, que já trabalhou no Ministério da Agricultura do país e é o atual presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Carne Bovina.

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“Não há mais problemas sanitários no Brasil”, disse Perosa em uma entrevista. O Japão havia questionado anteriormente os controles do Brasil sobre doenças como a febre aftosa.

"Agora temos um impulso político", após a visita do Ministro da Agricultura do Japão, Taku Eto, ao país no ano passado, acrescentou.

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Mercado em disputa

Uma medida para permitir a entrada da carne bovina brasileira no Japão colocaria em risco as remessas dos EUA.

Atualmente, os Estados Unidos são um dos principais fornecedores de carne bovina do Japão, mas o país está lidando com uma grave escassez de gado, que levou a um aumento nas importações de carne bovina do Brasil. Os futuros de gado estão sendo negociados em níveis recordes e espera-se que o aperto dure pelo menos até 2026.

Mais da metade do consumo de carne bovina do Japão vem de importações, disse Perosa, acrescentando que o país depende especialmente dos embarques de cortes de carne bovina usados como ingredientes pela indústria alimentícia.

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Atualmente, a maior parte dos suprimentos do país asiático vem dos Estados Unidos e da Austrália, a custos mais altos do que os normalmente fornecidos pelo Brasil, disse ele.

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"O Brasil poderia complementar a produção local de carne bovina, pois geralmente consumimos menos do tipo de carne que o Japão exige e temos uma alta capacidade de fornecimento", disse ele.

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Manobra política

Perosa planeja visitar o Japão e o Vietnã, outro mercado-alvo para a carne bovina brasileira, no início de fevereiro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem uma viagem planejada para o poís em março.

O quarto maior importador de carne bovina do mundo, a Coreia do Sul, bem como o mercado turco, também estão entre as prioridades da associação neste ano.

Perosa estima que as exportações brasileiras de carne bovina devem aumentar cerca de 10% em 2025 com a abertura de alguns desses mercados. O grupo do setor está fortalecendo sua presença internacional, com planos no primeiro semestre do ano para abrir seus primeiros escritórios fora do Brasil: em Washington, Bruxelas e Pequim.

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Dentro dos gabinetes do governo brasileiro também há otimismo de que o Japão possa abrir seu mercado neste ano.

“Com o ministro Taku Eto, as negociações sobre a carne bovina melhoraram”, disse Luis Rua, que trabalha como secretário de comércio e relações internacionais no Ministério da Agricultura do Brasil.

Ele disse que, embora o mercado japonês para a carne bovina brasileira não possa ser aberto até março, isso pode acontecer até o final deste ano.

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