Brasil pressiona México a importar mais carne suína diante de tarifas de Trump

Governo reforçou atuação junto à autoridade sanitária mexicana para que mais frigoríficos sejam autorizados a exportar o produto para o país, que compra 1 milhão de toneladas dos EUA

Embora vários estados, incluindo Paraná, Rio Grande do Sul e Acre, já tenham esse status, o México ainda não autorizou importações vindas deles
Por Clarice Couto
26 de Março, 2025 | 03:01 PM

Bloomberg — O Brasil tem reforçado sua atuação junto ao México para permitir exportações de carne suína de mais frigoríficos locais, em um movimento para conquistar novos mercados na esteira da guerra comercial promovida por Donald Trump.

Autoridades renovaram um pedido para que o México permita importações de fábricas de processamento de mais estados, de acordo com Luis Rua, secretário de comércio e relações internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Atualmente, apenas sete plantas no estado de Santa Catarina estão autorizadas a exportar carne suína para o México.

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O pedido à autoridade sanitária mexicana, Senasica, ocorre no momento em que as tarifas de Trump sobre o vizinho México estão programadas para entrar em vigor em 2 de abril. O aumento das importações brasileiras prejudicaria os EUA, que têm o México como seu maior mercado de carne suína e vêm perdendo participação para o Brasil em vários mercados agrícolas.

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“Iniciamos um movimento conjunto de associações mexicanas junto a autoridades sanitárias mexicanas, o Senasica, para explicar a necessidade de ampliar a habilitação de plantas”, disse Adriane Cruvinel, adida agrícola no México, em entrevista. “É um movimento que está acontecendo por preocupação com a guerra tarifária e corrobora o interesse que eles já tinham pela carne brasileira”.

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Autoridades da Senasica não puderam confirmar as discussões com o Brasil.

O México compra carne suína brasileira apenas de plantas em Santa Catarina, o primeiro estado a ser reconhecido como livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Isso limitaria o atendimento da demanda do México caso o país precisasse comprar mais do Brasil devido à disputa comercial, disse Rua.

Aprovações para novas plantas podem ocorrer até maio, quando é esperado que a OMSA reconheça o Brasil como uma nação livre de febre aftosa sem vacinação, de acordo com uma pessoa com conhecimento do assunto que pediu para não ser identificada porque as negociações são privadas.

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Embora vários estados, incluindo Paraná, Rio Grande do Sul e Acre, já tenham esse status, o México ainda não autorizou importações vindas deles, disse Rua.

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Indústrias mexicanas aumentaram recentemente as compras de carne brasileira, principalmente para usá-la como ingrediente de alimentos processados. Mesmo assim, as remessas de carne suína do Brasil para o México totalizaram menos de 43.000 toneladas no ano passado, uma fração pequena das mais de 1 milhão de toneladas que o México importa dos EUA.

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