Bloomberg Línea — A Bioceres (BIOX), com sede na Argentina, que foca em sementes geneticamente modificadas e outros produtos biotecnológicos para o campo, informou na terça-feira ter recebido a aprovação pelo Ministério da Agricultura do Brasil de três novas soluções bioinseticidas e bionematicidas derivadas de células inativadas de Burkholderia, um gênero de bactérias.
As ações da empresa caíam 2,31% às 10h38 (horário de Brasília), depois de terem subido 4,07% na terça-feira e 1,41% na quarta. Em 2024, o papel acumulad queda de 6,90%.
A Bioceres disse que a aprovação representa “um marco regulatório significativo no mercado brasileiro”, marcando o primeiro apoio regulatório no país para produtos biológicos formulados a partir de micro-organismos totalmente inativados.
Conforme descrito pela empresa dirigida por Federico Trucco, essas soluções de biocontrole aproveitam os metabólitos de micro-organismos inativados, resultando em produtos que apresentam “maior eficácia, precisão, prazo de validade e estabilidade de formulação”, bem como maior consistência em seu modo de ação em comparação com micróbios vivos.
Além disso, a empresa argumentou em sua declaração que os produtos à base de bactérias não vivas podem ser formulados com maior potência e a custos muito mais baixos, aproximando-se da paridade de custo com as alternativas químicas menos favoráveis atualmente.
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Os produtos Bioceres à base de metabólitos derivados da Burkholderia foram registrados pela primeira vez nos Estados Unidos em 2014 e, desde então, foram comercializados no México, Peru, Chile, Turquia e partes da África.
Nos EUA, eles são usados como nematicida e tratamento inseticida em mais de quatro milhões de hectares de milho, algodão e soja, substituindo efetivamente a abamectina em tratamentos de sementes, ao mesmo tempo em que melhoram o controle de pragas de insetos que habitam o solo, normalmente controladas com neonicotinoides, piretroides e organofosforados, disse a Bioceres.
O Brasil é o principal mercado de controle biológico do mundo com uso significativo em culturas em fileira. Os bioinseticidas e bionematicidas representam atualmente cerca de 11% do mercado total de inseticidas e nematicidas do país, avaliado em US$ 5,5 bilhões, e cresceram a uma taxa média anual de 44% nos últimos cinco anos, disse a Bioceres.
“A aprovação é um marco muito aguardado para nossos planos de crescimento de curto prazo no Brasil e, devido à relevância global desse mercado, para nossa empresa em geral”, afirmou Federeico Trucco. “Nossa aquisição da Marrone Bio Innovations, agora ProFarm, em 2022, baseou-se principalmente em duas de suas plataformas: bioestimulantes à base de lignossulfonato e micro-organismos inativados (metabólitos) para fins de biocontrole. Em bioestimulantes, crescemos dez vezes no Brasil desde nossa aquisição.”
A Bioceres registrou recentemente um aumento anual de 49% na receita total no segundo trimestre fiscal de 2024, além de dobrar seu EBITDA ajustado no período para US$ 24,1 milhões.
Em uma entrevista à Bloomberg Línea em abril, Trucco apontou uma meta de “crescimento notável no Brasil” este ano.
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SPAC
Em sua entrevista à Bloomberg Línea em abril, Trucco comentou sobre a fusão por SPAC (Special Purpose Acquisition Company, nome dado a empresas que captam recursos com a finalidade de buscar e se fundir com outra empresa para levá-la à bolsa) de uma empresa do Grupo Bioceres, a Héritas, com a APx Acquisition Corporation. A nova empresa, OmnigenicsAI, será listada na Nasdaq sob seu próprio ticker, OMNI, e também é o resultado da fusão com a britânica MultiplAI.
A Héritas, fundada em 2015 em Rosário por Martín Vázquez e Fabián Fay, foi incubada pela Bioceres no mesmo ano como parte de seu programa de financiamento para startups.
A empresa, que até este ano se concentrava em “medicina de precisão”, agora se concentrará em genômica orientada por IA sob a marca OmnigenicsAI, com foco no fornecimento de dados biológicos seguros, precisos e confiáveis”, disse a Nasdaq em um comunicado.
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