BHP aposta em baixo custo de produção para desafiar rivais no mercado de potássio

Companhia espera que o projeto Jansen, no Canadá, produza a custos inferiores aos das principais operações de outras companhias no país, de olho em mercado de fertilizantes

Por

Bloomberg — A BHP afirmou que sua mina de potássio de US$ 10,6 bilhões no Canadá será lucrativa mesmo com a queda nos preços dos fertilizantes.

A companhia espera que o projeto Jansen, sua estreia na área de potássio, produza a commodity a custos inferiores aos das principais operações canadenses das gigantes do setor de fertilizantes Nutrien e Mosaic, disse Karina Gistelinck, presidente da divisão de potássio, à Bloomberg News.

O tamanho gigantesco da operação e o investimento pesado da BHP em automação serão fundamentais para manter os custos baixos e tornar a operação mais competitiva do que outras minas no Canadá, país que é o principal fornecedor mundial.

“A estratégia é não só ser a mina mais sustentável mas ser a mais a de menor custo possível”, afirmou. “Mesmo com os preços mais deprimidos seremos rentáveis.”

Leia mais: Petrobras avalia projeto de US$ 800 mi para fábrica de fertilizante, dizem fontes

A BHP segue otimista em relação ao projeto Jansen, apesar de os preços do potássio terem caído mais de 60% em relação à máxima registrada há dois anos.

Os preços dispararam no início de 2022, depois que as sanções contra Belarus e a guerra da Rússia na Ucrânia provocaram temores de choques de oferta em um mercado apertado.

As duas nações estão entre os principais produtores de potássio do mundo e, juntamente com o Canadá, respondem por dois terços do comércio global.

Uma das maiores mineradoras do mundo já havia se comprometido a investir US$ 5,7 bilhões na construção da primeira fase de Jansen, na província de Saskatchewan, no oeste do Canadá, em agosto de 2021, além de um investimento preliminar de US$ 4,5 bilhões na área.

Dois anos depois, a BHP destinou mais US$ 4,9 bilhões para uma expansão devido à sua confiança no mercado de potássio.

Leia também: AgroGalaxy pede recuperação judicial em novo caso de crise no agronegócio

Desde a aprovação de Jansen, os fluxos de fertilizantes da Rússia e de Belarus se recuperaram e derrubaram os preços do potássio.

A perspectiva agora é que a principal mina da BHP despeje milhões de novas toneladas em um mercado equilibrado, mas que clama por novos suprimentos, como o inicialmente previsto.

A mina de Jansen fornecerá 4,2 milhões de toneladas de potássio quando a primeira fase iniciar a produção em 2026, acrescentando 5% à atual oferta global do fertilizante, de acordo com Gistelinck. A expectativa é que a produção dobre até 2031, quando o projeto atingir sua capacidade total.

Gistelinck disse que a mina de Jansen produzirá potássio com um custo de menos de US$ 140 por tonelada métrica. A executiva espera que os preços de mercado variem de US$ 300 por tonelada — na pior das hipóteses — até US$ 450 por tonelada no médio e no longo prazos.

A BHP planeja vender o fertilizante para distribuidores em vez de diretamente para os agricultores. A empresa já garantiu compromissos para sua produção total de potássio, que devem se tornar contratos vinculantes no próximo ano.

Leia mais: Como o Brasil conseguiu destruir sua própria indústria de fertilizantes

A empresa sediada em Melbourne também estuda conceder descontos iniciais para ganhar participação no mercado, disse Gistelinck.

A BHP tem como alvos o Brasil — uma potência agrícola altamente dependente da importação de fertilizantes —, bem como os países do Sudeste Asiático e os Estados Unidos como principais mercados para a venda de seu potássio, conforme busca reduzir a exposição à China, disse ela.

Para Gistelinck, a demanda pelo nutriente agrícola crescerá 2% ao ano nos próximos anos, acompanhando o crescimento populacional, enquanto fatores externos, como os impactos das mudanças climáticas, também poderão impulsionar o consumo.

“Eventos catastróficos acontecerão com mais frequência e serão mais longos,” disse. “E o potássio ajuda muito na resiliência dos produtos agrícolas.”

Veja mais em Bloomberg.com