BHP aposta em baixo custo de produção para desafiar rivais no mercado de potássio

Companhia espera que o projeto Jansen, no Canadá, produza a custos inferiores aos das principais operações de outras companhias no país, de olho em mercado de fertilizantes

BHP aposta no baixo custo de produção para desafiar rivais no mercado de potássio
Por Mariana Durao
19 de Setembro, 2024 | 09:32 AM

Bloomberg — A BHP afirmou que sua mina de potássio de US$ 10,6 bilhões no Canadá será lucrativa mesmo com a queda nos preços dos fertilizantes.

A companhia espera que o projeto Jansen, sua estreia na área de potássio, produza a commodity a custos inferiores aos das principais operações canadenses das gigantes do setor de fertilizantes Nutrien e Mosaic, disse Karina Gistelinck, presidente da divisão de potássio, à Bloomberg News.

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O tamanho gigantesco da operação e o investimento pesado da BHP em automação serão fundamentais para manter os custos baixos e tornar a operação mais competitiva do que outras minas no Canadá, país que é o principal fornecedor mundial.

“A estratégia é não só ser a mina mais sustentável mas ser a mais a de menor custo possível”, afirmou. “Mesmo com os preços mais deprimidos seremos rentáveis.”

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A BHP segue otimista em relação ao projeto Jansen, apesar de os preços do potássio terem caído mais de 60% em relação à máxima registrada há dois anos.

Os preços dispararam no início de 2022, depois que as sanções contra Belarus e a guerra da Rússia na Ucrânia provocaram temores de choques de oferta em um mercado apertado.

As duas nações estão entre os principais produtores de potássio do mundo e, juntamente com o Canadá, respondem por dois terços do comércio global.

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Uma das maiores mineradoras do mundo já havia se comprometido a investir US$ 5,7 bilhões na construção da primeira fase de Jansen, na província de Saskatchewan, no oeste do Canadá, em agosto de 2021, além de um investimento preliminar de US$ 4,5 bilhões na área.

Dois anos depois, a BHP destinou mais US$ 4,9 bilhões para uma expansão devido à sua confiança no mercado de potássio.

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Desde a aprovação de Jansen, os fluxos de fertilizantes da Rússia e de Belarus se recuperaram e derrubaram os preços do potássio.

A perspectiva agora é que a principal mina da BHP despeje milhões de novas toneladas em um mercado equilibrado, mas que clama por novos suprimentos, como o inicialmente previsto.

A mina de Jansen fornecerá 4,2 milhões de toneladas de potássio quando a primeira fase iniciar a produção em 2026, acrescentando 5% à atual oferta global do fertilizante, de acordo com Gistelinck. A expectativa é que a produção dobre até 2031, quando o projeto atingir sua capacidade total.

Gistelinck disse que a mina de Jansen produzirá potássio com um custo de menos de US$ 140 por tonelada métrica. A executiva espera que os preços de mercado variem de US$ 300 por tonelada — na pior das hipóteses — até US$ 450 por tonelada no médio e no longo prazos.

A BHP planeja vender o fertilizante para distribuidores em vez de diretamente para os agricultores. A empresa já garantiu compromissos para sua produção total de potássio, que devem se tornar contratos vinculantes no próximo ano.

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A empresa sediada em Melbourne também estuda conceder descontos iniciais para ganhar participação no mercado, disse Gistelinck.

A BHP tem como alvos o Brasil — uma potência agrícola altamente dependente da importação de fertilizantes —, bem como os países do Sudeste Asiático e os Estados Unidos como principais mercados para a venda de seu potássio, conforme busca reduzir a exposição à China, disse ela.

Para Gistelinck, a demanda pelo nutriente agrícola crescerá 2% ao ano nos próximos anos, acompanhando o crescimento populacional, enquanto fatores externos, como os impactos das mudanças climáticas, também poderão impulsionar o consumo.

“Eventos catastróficos acontecerão com mais frequência e serão mais longos,” disse. “E o potássio ajuda muito na resiliência dos produtos agrícolas.”

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