Jefferies alerta para regra da UE sobre desmatamento e risco a produtos do agro

Segundo analistas do banco de investimento, medida para coibir matérias-primas com origem em áreas desmatadas ameaça a cadeia industrial e exige revisão nos portfólios

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Bloomberg — As novas regras da União Europeia (UE) voltadas para coibir o desmatamento devem repercutir nas empresas expostas às principais commodities e exige uma revisão dos portfólios de investidores, de acordo com analistas do banco de investimento Jefferies Financial Group.

As empresas cujos produtos incorporam matérias-primas como borracha, óleo de palma e cacau, ou produtos pecuários, como carne bovina, estão potencialmente na mira, já que a UE tem adotado regulamentações destinadas a reduzir o desmatamento global.

O bloco, cujas regras afetam todos os investidores e empresas que fazem negócios com e na UE, estabeleceu uma meta de interromper 10% do desmatamento e reduzir as emissões de CO2 em pelo menos 32 milhões de toneladas por ano.

As empresas que apresentarem políticas inadequadas para lidar com o desmatamento e a biodiversidade correm o risco de serem surpreendidas por “maiores exigências de due diligence” decorrentes do Regulamento de Desmatamento da UE (EUDR), disseram os analistas do Jefferies, liderados por Luke Sussams, em um relatório.

Entre as empresas que, segundo o Jefferies, podem ser afetadas estão a DN Automotive Corp, a Hankook Tire and Technology Co, a Kuala Lumpur Kepong Berhad, a Nexen Tire Corp, a Golden-Agri Resources Ltd, a Darling Ingredients e a SD Guthrie Berhad.

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O regulamento da UE exige que as empresas rastreiem as matérias-primas usadas nos produtos que entram na UE até seu local de origem.

As empresas precisam documentar que seus produtos não foram fabricados com commodities provenientes de terras desmatadas e que não houve violação dos direitos humanos.

Essas verificações precisam ser feitas de forma retroativa até 31 de dezembro de 2020, e o não cumprimento dessa exigência pode resultar em multas potencialmente pesadas.

A regulamentação já tem tido um impacto. Em meio a preocupações sobre um aperto na oferta de café, a diferença entre os preços futuros do produto para entrega em setembro em relação aos contratos de dezembro subiu no início deste mês em Nova York, levando à maior discrepância desde que as negociações de ambos os contratos começaram em janeiro de 2022.

Em julho, os fabricantes de papel dos EUA alertaram sobre o aumento dos preços de fraldas, absorventes higiênicos e outros produtos de higiene, devido à regra do UE.

Empresas e autoridades governamentais, inclusive dos Estados Unidos, pediram à UE que adiasse a aprovação do regulamento, citando seu amplo escopo. Até o momento, porém, a UE se recusou a alterar sua implementação. A EUDR deve entrar em vigor em 30 de dezembro, com um período de carência de seis meses para pequenas empresas.

“Apesar dos inúmeros e fortes pedidos de adiamentos e mudanças por parte dos países produtores e das partes interessadas do setor”, o Jefferies disse que espera que a regulamentação “siga em frente conforme planejado”.

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