Jefferies alerta para regra da UE sobre desmatamento e risco a produtos do agro

Segundo analistas do banco de investimento, medida para coibir matérias-primas com origem em áreas desmatadas ameaça a cadeia industrial e exige revisão nos portfólios

Regulamento da UE exige que as empresas rastreiem as matérias-primas usadas nos produtos que entram na UE até seu local de origem
Por Frances Schwartzkopff
23 de Agosto, 2024 | 01:07 PM

Bloomberg — As novas regras da União Europeia (UE) voltadas para coibir o desmatamento devem repercutir nas empresas expostas às principais commodities e exige uma revisão dos portfólios de investidores, de acordo com analistas do banco de investimento Jefferies Financial Group.

As empresas cujos produtos incorporam matérias-primas como borracha, óleo de palma e cacau, ou produtos pecuários, como carne bovina, estão potencialmente na mira, já que a UE tem adotado regulamentações destinadas a reduzir o desmatamento global.

O bloco, cujas regras afetam todos os investidores e empresas que fazem negócios com e na UE, estabeleceu uma meta de interromper 10% do desmatamento e reduzir as emissões de CO2 em pelo menos 32 milhões de toneladas por ano.

As empresas que apresentarem políticas inadequadas para lidar com o desmatamento e a biodiversidade correm o risco de serem surpreendidas por “maiores exigências de due diligence” decorrentes do Regulamento de Desmatamento da UE (EUDR), disseram os analistas do Jefferies, liderados por Luke Sussams, em um relatório.

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Entre as empresas que, segundo o Jefferies, podem ser afetadas estão a DN Automotive Corp, a Hankook Tire and Technology Co, a Kuala Lumpur Kepong Berhad, a Nexen Tire Corp, a Golden-Agri Resources Ltd, a Darling Ingredients e a SD Guthrie Berhad.

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O regulamento da UE exige que as empresas rastreiem as matérias-primas usadas nos produtos que entram na UE até seu local de origem.

As empresas precisam documentar que seus produtos não foram fabricados com commodities provenientes de terras desmatadas e que não houve violação dos direitos humanos.

Essas verificações precisam ser feitas de forma retroativa até 31 de dezembro de 2020, e o não cumprimento dessa exigência pode resultar em multas potencialmente pesadas.

A regulamentação já tem tido um impacto. Em meio a preocupações sobre um aperto na oferta de café, a diferença entre os preços futuros do produto para entrega em setembro em relação aos contratos de dezembro subiu no início deste mês em Nova York, levando à maior discrepância desde que as negociações de ambos os contratos começaram em janeiro de 2022.

Em julho, os fabricantes de papel dos EUA alertaram sobre o aumento dos preços de fraldas, absorventes higiênicos e outros produtos de higiene, devido à regra do UE.

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Empresas e autoridades governamentais, inclusive dos Estados Unidos, pediram à UE que adiasse a aprovação do regulamento, citando seu amplo escopo. Até o momento, porém, a UE se recusou a alterar sua implementação. A EUDR deve entrar em vigor em 30 de dezembro, com um período de carência de seis meses para pequenas empresas.

“Apesar dos inúmeros e fortes pedidos de adiamentos e mudanças por parte dos países produtores e das partes interessadas do setor”, o Jefferies disse que espera que a regulamentação “siga em frente conforme planejado”.

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