Bloomberg — A Bunge (BG) disse nesta quarta-feira (30) que a aquisição de US$ 8 bilhões da Viterra, apoiada pela Glencore, pode ser adiada ainda mais enquanto a empresa aguarda aprovações governamentais em mercados importantes.
A transação pode ser fechada até o início de 2025, disse o CEO Greg Heckman durante uma teleconferência de resultados nesta quarta. Acreditava-se que o negócio fosse concluído no início deste ano.
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“Continuamos a nos envolver com as autoridades relevantes enquanto trabalhamos para obter as poucas aprovações regulatórias restantes”, disse Heckman na teleconferência.
Embora a transação tenha recebido uma aprovação condicional da União Europeia, ainda está pendente de um sinal verde das autoridades, inclusive no Canadá e na China. Ainda assim, Heckman disse que não espera "nenhum problema que possa impactar materialmente e puramente a economia do negócio".
O acordo, anunciado há mais de um ano, deve criar um gigante de US$ 25 bilhões capaz de competir com as maiores empresas do setor, como a Cargill e a Archer-Daniels-Midland (ADM).
A Bunge relatou um declínio nos lucros do terceiro trimestre, à medida que navega em um cenário de preços mais baixos das safras em todo o mundo.
O lucro por ação, ao excluir diferenças temporais de marcação a mercado, foi de US$ 2,29 por ação nos três meses encerrados em setembro, uma queda de 23% em relação ao ano anterior e ainda o menor desde 2019 para o período. Isso ainda excedeu a média de US $ 2,14 das estimativas dos analistas.
As ações da Bunge subiram 1,4% nas negociações pré-mercado na quarta-feira. A ação caiu 13% em 2024, caminhando para seu primeiro declínio anual em seis anos, em comparação com um ganho de 22% para o índice S&P 500.
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A Bunge tem visto os lucros sofrerem uma erosão em relação aos níveis recordes observados nos últimos dois anos, quando se beneficiou das oportunidades de negociação criadas por uma combinação de suprimentos escassos e a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Os preços da soja, do milho e do trigo têm oscilado em torno dos níveis mais baixos desde 2020, após colheitas abundantes, inclusive nos EUA.
Os lucros que empresas como a Bunge obtêm com o processamento da soja em farelo e óleo, um importante fator de lucro, também foram pressionados pelo aumento da capacidade de esmagamento nos EUA.
A demanda por farelo de soja - um importante ingrediente de ração animal, tem sido forte em meio ao aumento dos lucros dos produtores de frango.
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A empresa também se beneficiou do aumento da demanda por óleo de soja após um aumento nos preços do óleo de palma, que também pode ser usado como matéria-prima para cozinhar e para a produção de combustível renovável.
As vendas atrasadas dos agricultores na Argentina, o maior país processador de soja do mundo, ajudaram a sustentar as margens de esmagamento nos EUA, informou a empresa.
A Bunge disse, ainda, que agora espera que seus lucros para o ano inteiro sejam de “pelo menos” US$ 9,25 por ação, em comparação com uma previsão anterior de “aproximadamente” US$ 9,25.
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