Além do peru (inteiro): Seara acelera vendas com diversificação da ceia de Natal

Em entrevista à Bloomberg Línea, o diretor Rafael Palmer explica a estratégia que levou ao lançamento de 140 produtos em 2024 em cima de pesquisas e dados sobre os consumidores

Seara tem diversificado a linha de produtos para o Natal para além das embalagens tradicionais do peru inteiro (Foto: Bloomberg Línea)
17 de Dezembro, 2024 | 06:42 PM

Bloomberg Línea — Não faz muito tempo, o mercado de carnes para a ceia de Natal se resumia, como o próprio nome diz, aos dias que antecedem a data festiva e a uma configuração de reuniões de família com muitas pessoas. Carnes como peru, chester, tender e pernil tinham aumento da demanda neste mês de dezembro, concentrada em embalagens de cinco a dez quilos ou até mais pesadas.

Mas essa composição tem cedido espaço cada vez mais a uma demanda mais heterogênea.

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Grandes marcas têm ampliado os investimento em pesquisa e inovação e no aumento da variedade de produtos de olho em explorar diferentes ocasiões de consumo relacionadas ao período de festas e a novos comportamentos e tamanhos de famílias, o que impulsiona a demanda.

É o caso da Seara, marca da JBS (JBSS3) que se tornou uma das líderes em carnes e alimentos processados do mercado doméstico. A empresa definiu há dois anos uma meta ambiciosa: se tornar uma referência em festas de Natal. Para alcançar esse objetivo, a empresa tem diversificado a linha de produtos para atender a diferentes perfis de consumidores.

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“Por meio de pesquisas, descobrimos que, hoje, as pessoas se reúnem em diferentes grupos para celebrar o Natal”, disse Luciara Rech Peil, diretora-executiva de Inovação e P&D da Seara.

Segundo a executiva, os novos formatos de comemoração vão muito além de uma família grande com “agregados” reunidos ao redor de uma grande mesa com uma ceia tradicional com peru assado, tender, arroz à grega, farofa e rabanada – entre outros pratos típicos do Natal.

As mudanças nos hábitos de consumo se relacionam a, por exemplo, famílias menores, casais sem filhos e envelhecimento populacional. Com um hub de inovação formado há cinco anos e composto hoje por 80 profissionais, a empresa lançou 140 produtos em 2024.

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A Seara se tornou um dos negócios de maior destaque e contribuição ao resultado da JBS, maior empresa de processamento de carnes do mundo. No terceiro trimestre, por exemplo, a unidade de negócios atingiu margem recorde de 21%, a mais alta entre todas as existentes da companhia.

As receitas líquidas da Seara somaram R$ 12,17 bilhões, com avanço de 19,2% na base anual - e totalizaram R$ 44,3 bilhões nos últimos 12 meses. O Ebitda ajustado - métrica de geração de caixa operacional - chegou a R$ 2,56 bilhões entre julho e setembro.

Rafael Palmer, diretor de alimentos processados da Seara

“Cada família tem um perfil diferente, e buscamos oferecer proteínas para todos: para a família grande, há o Fiesta; para pequenas, o Peito de Fiesta. Temos ainda as especialidades na marca Seara Gourmet, como o tomahawk e o tender suíno. E muitas outras”, disse Rafael Palmer, diretor de Marketing de Alimentos Preparados da Seara, em entrevista à Bloomberg Línea.

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A estratégia de diversificação rendeu frutos já no ano passado, com um crescimento em volume de mais de 30% que superou a performance de 10% do mercado como um todo. Houve recorde de vendas no período após três temporadas atípicas com a pandemia e a Copa do Mundo.

Nesse segmento, a Seara tem como principais concorrentes a Sadia e a Perdigão, marcas da BRF (BRFS3).

Palmer disse que a marca busca neste ano repetir o desempenho de 2023, ou seja, crescer em um ritmo acima da média do mercado e dos principais concorrentes, novamente por meio de uma estratégia de investir em um portfólio mais amplo de proteínas.

“O Natal é uma data especial para a Seara, que vem crescendo bastante. Em 2023, ganhamos em torno de quatro pontos de market share com a linha de produtos Fiesta. Em 2024, queremos continuar com um crescimento de duplo dígito, similar ao do ano passado”, disse Palmer.

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Para ampliar as vendas no Natal de 2024, a Seara preparou três lançamentos: um kit de salames, com opções de vinho, queijo e alho negro, voltado para quem busca soluções rápidas; uma linha gourmet de defumados, com peru, frango e tender suíno; e uma linha “pequenas ceias”, indicada para quem mora sozinho ou divide apartamento, com produtos compactos.

“Estamos em 90% dos lares espalhados pelo Brasil. Com o nosso portfólio desenhado para atender a todas famílias, acreditamos que vamos conseguir aumentar nossa penetração de mercado com as marcas Seara, Fiesta e Seara Gourmet”, afirmou o diretor.

Vendas corporativas e online

A Seara também executou uma estratégia de diversificação no mercado de carnes natalinas de olho no público corporativo por meio do chamado Kit Fiesta, segundo o executivo. É um produto que visa atender às necessidades das empresas que decidem presentear seus colaboradores.

“Já iniciamos as entregas do Kit Fiesta, que também cresceram duplo dígito como no ano passado. Além de empresas, pessoas físicas também podem adquirir esse produto em nosso site ou via e-commerce dos nossos parceiros”, disse Palmer.

A plataforma de vendas digitais também desempenha um papel relevante neste período, pois se torna um canal a mais para a aquisição de produtos. “O canal online cresce bastante. O consumidor cada vez mais está migrando para ele, aprendendo com o conceito da multicanalidade”.

A marca também aposta em uma campanha com o cantor Thiaguinho para engajar os consumidores nas compras de carnes natalinas, com diversas ativações previstas para o mês.

O diretor da Seara estima que o mercado de carnes natalinas representa vendas de cerca de 80 mil toneladas. “Esse número é grande, pois o consumo acontece em praticamente um ou dois dias”, disse o executivo, sem especificar o volume da Seara nesse total. “Brigamos pela liderança do mercado de carnes natalinas e vamos continuar a crescer neste ano”, disse Palmer.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.