CEO do Itaú aposta em agente de investimento com IA: jornada é de experimentação

Em painel no Web Summit Rio, Milton Maluhy Filho disse que o banco lança neste trimestre os primeiros assessores voltados ao investidor de varejo e que o plano é ganhar escala ao longo do ano

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Bloomberg Línea Brasil — Um painel no Web Summit Rio deste ano incomodou Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú Unibanco. A discussão era sobre a alegada dificuldade dos grandes bancos em mexer no chamado core bancário, uma espécie de caixa de pandora que as empresas preferem não abrir para evitar encontrar problemas.

“O mainframe deixou de ser um assunto já há bastante tempo”, afirmou Maluhy nesta tarde de terça-feira (29), ao subir ao palco do evento global de inovação para participar de outro painel. Segundo o CEO, em pouco tempo todo o processamento do banco será online e 100% em nuvem.

“Nós já fizemos mais de 70% de modernização do nosso ambiente, o que eu considero uma etapa absolutamente cumprida. Sempre tem algo adicional a ser feito, mas a nossa jogada agora é de experimentação e experiência”, disse.

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Como exemplo, Maluhy citou a funcionalidade de controle de gastos, lançada nos últimos dias - acompanhando outros 15 serviços apresentados recentemente -, que, segundo ele, tem sido bem avaliada pelos clientes do banco.

“Nas primeiras semanas, nós tivemos mais de um milhão de clientes interagindo, e o NPS, que é a métrica de satisfação da jornada, ficou acima de 90”, contou.

As mudanças tecnológicas podem colocar o Itaú em outra posição neste momento de rápida adoção da inteligência artificial generativa, de acordo com o CEO.

Maluhy reconheceu que o maior banco comercial no país não estava na vanguarda no momento das transformações impulsionadas por cloud, na década passada.

A partir desse período, o mercado financeiro passou a conviver com o crescimento acelerado de fintechs e bancos digitais, como Nubank, C6 Bank e Neon, entre outros nativos digitais.

“Nós não estávamos na vanguarda da modernização tecnológica, só talvez entre os grandes bancos, mas não em relação aos novos bancos. Mas, sem dúvida nenhuma, queremos estar na vanguarda e redefinir o mercado financeiro através de inteligência artificial”, afirmou.

Agente de IA para investimentos

O CEO do maior banco do país aproveitou a participação para anunciar o lançamento de assistentes de investimentos que funcionam com IA. Os agentes começam a operar ainda neste trimestre e devem ganhar escala na plataforma do banco ao longo do ano.

O produto, segundo o executivo, será uma forma de potencializar um atendimento antes restrito a grandes empresas e levá-lo para uma base de mais de 70 milhões de clientes.

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Desenvolvido há mais de um ano, ele combina diferentes dados, entre informações dos usuários e produtos e serviços disponíveis na plataforma de investimentos do banco.

“Você tem que tirar essa jornada de inteligência artificial da vibe pela vibe, de achar que é inovação pela inovação, e ter aplicações práticas”, afirmou o CEO.

Os anúncios integram uma nova etapa de transformação do banco, que se dedicou em um primeiro momento em aplicar a IA internamente, melhorando e simplificando processos em áreas como call center e jurídico. A fase atual está dedicada a novos produtos aos clientes finais.

“Aquela lógica de que os bancos têm medo de mexer no core bancário não se aplica ao caso do Itaú. Essa decisão de fazer as transições nós já tomamos há mais de cinco anos”, reforçou o executivo ao final do painel.

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