Bloomberg — François Pinault, o fundador octogenário da Kering, viu a fortuna de sua família cair mais de dois terços desde o impulso durante a pandemia, enquanto seu filho luta para recuperar a maior marca do conglomerado francês de luxo, a Gucci.
O patrimônio líquido de Pinault, de 88 anos, caiu 69% para US$ 18,6 bilhões desde agosto de 2021, segundo o Índice de Bilionários da Bloomberg.
É a maior queda nesse período em dólares entre todos os nomes na lista, incluindo Bernard Arnault, fundador da rival LVMH, que também foi afetada pela queda na demanda por produtos de luxo.
O desempenho do preço das ações da Kering é frustrante e “não é brilhante de forma alguma”, disse o filho François-Henri Pinault, presidente e CEO, a acionistas nesta quinta-feira (24) em uma reunião anual em Paris.
“É uma queda significativa que sei que traz a vocês decepção e implicações financeiras.”
Leia também: Onda de otimismo do mercado de luxo para 2025 já ficou no passado
O herdeiro de 62 anos tem tentado revitalizar a Gucci há alguns anos, mas o relatório da empresa divulgado nesta semana mostra uma queda trimestral de 25% na receita comparável e deixou claro os problemas da marca sob sua gestão.
Desde que o desempenho da Gucci começou a decepcionar investidores em 2022, a Kering passou por uma série de reformulações na gestão corporativa e mudou os principais designers da Gucci duas vezes — medidas que até agora não conseguiram reacender a demanda por produtos da grife antes tão desejados.
Em 2024, François-Henri Pinault, ou FHP como é conhecido, chamou o ano anterior de “difícil” e disse que o foco estava na revitalização da Gucci.
Na época, suas esperanças ainda estavam depositadas no designer Sabato De Sarno. O CEO agora apostado o futuro da Gucci e sua fortuna em um substituto, Demna Gvasalia, conhecido apenas como Demna.
Restaurar o apelo das marcas da Kering reanimará as ações, disse ele nesta quinta-feira em resposta a uma pergunta de um investidor sobre o preço das ações, que caiu 27% este ano.
Embora reconheça que a nomeação de Demna não foi bem recebida pelos mercados financeiros, o CEO disse que a escolha era óbvia porque ele é “um dos designers mais influentes e talentosos de sua geração”.
Turbulência no mercado
A perda de riqueza para a família Pinault é notável mesmo em meio a um declínio mais amplo no setor de luxo e à turbulência do mercado global desencadeada pelas tarifas do presidente Donald Trump.
A demanda na China por roupas de grife e por vinhos finos enfraqueceu, o que também prejudicou a LVMH.
François-Henri Pinault assumiu o comando há cerca de duas décadas e foi fundamental para focar o império no luxo, a partir de um conjunto variado de ativos de varejo.
Durante sua gestão, a Kering permaneceu dependente da Gucci, cujo sucesso na indústria da moda tem oscilado ao longo dos anos. A família Pinault detém uma participação de 42% na Kering, sediada em Paris, e 59% dos direitos de voto.
Tanto ele quanto seu pai são managing partners do Groupe Artemis, a holding familiar com ativos consolidados avaliados em cerca de € 60 bilhões (US$ 68 bilhões), segundo seu site.
O portfólio de investimentos da Artemis inclui Puma, Creative Artists Agency, vinícolas prestigiadas, a casa de leilões Christie’s, a empresa de cruzeiros de luxo Ponant, além de ativos de tecnologia e mídia.
Os irmãos de François-Henri, Laurence e Dominique, são presidente e vice-presidente do conselho de supervisão da Artemis, respectivamente, e cada um agora tem um filho no conselho.
Entre eles estão o filho de François-Henri, François Louis Pinault, que ingressou no conselho da Christie’s no ano passado, e a filha de Dominique Pinault, Gaelle Pinault.
A filha de Laurence Pinault, Olivia Fournet, também é diretora de varejo e desenvolvimento internacional da marca Balenciaga da Kering, depois de ingressar no grupo há cerca de uma década, de acordo com seu perfil no LinkedIn.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
Herdeiro da Hermès é alvo de processo de US$ 1,3 bi por suposta quebra de acordo
Bilionários apostam em retomada de São Francisco apesar de crise imobiliária
Bolsa mais barata da Louis Vuitton chega a US$ 2.200 após tarifas de Trump