Bloomberg Línea — A TransUnion (TRU), companhia norte-americana de análise de crédito, acaba de mudar o comando de seu bureau no Brasil, um mercado disputado com as datatechs Serasa Experian, SPC Brasil, Equifax e Quod.
Ex-CRO (Chief Risk Officer) e Head of Credit Strategy & Analytics do Neon, Fernando Musolino será oficialmente anunciado nesta segunda-feira (14) como o novo presidente regional da TransUnion no país, segundo informação antecipada à Bloomberg Línea.
Antes do Neon (entre agosto de 2023 e dezembro de 2024), o executivo teve passagem pelo BTG Pactual (BPAC11), entre abril de 2021 e julho de 2023, como diretor executivo na área de crédito.
Também foi CFO da RCB Investimentos, empresa de recuperação de crédito do Bradesco (BBDC4), entre junho de 2019 e março de 2021, segundo seu perfil no LinkedIn.
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Musolino substitui Juarez Zortea, que decidiu se aposentar após doze anos e meio na companhia, tendo iniciado como general manager em novembro de 2012 e como presidente regional do bureau de crédito em setembro de 2013. O executivo deve agora exercer o papel de consultor da TransUnion, segundo a nota.
“Musolino irá liderar os negócios da TransUnion no Brasil, definindo a visão estratégica para o país, com foco em impulsionar o crescimento contínuo da companhia e a construção de relacionamento com os clientes”, informou a companhia.
Atualmente, o mercado brasileiro de agências de proteção ao crédito é liderado pela Serasa, cujo controle acionário foi adquirido pelo grupo irlandês Experian em 2007. Em 2023, a norte-americana Equifax comprou a Boa Vista Serviços, segundo maior bureau de crédito do Brasil.
Nos EUA, TransUnion, Experian e Equifax são considerados os três principais players entre as datatechs de análise de dados de crédito, ferramenta valiosa a instituições financeiras e outras empresas na tomada de decisões sobre a concessão de empréstimos e financiamento e gestão de risco.

A TransUnion, com sede em Chicago, começou a atuar no Brasil em 2012 após adquirir a Crivo Sistemas em Informática, empresa de análise de crédito.
Em 2022, tornou-se membro da ANBC (Associação Nacional dos Bureaus de Crédito) após o Banco Central autorizá-la como uma das gestoras do Cadastro Positivo, banco de dados do histórico de pagamentos de indivíduos e empresas. Zortea integra o conselho da ANBC.
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“Musolino é um especialista em todo o ciclo de crédito e estamos entusiasmados em dar boas-vindas à sua liderança em nossas operações no Brasil”, disse Todd Skinner, presidente internacional da TransUnion, na nota.
A companhia tem presença em mais de 30 países, contando com mais de 13.000 colaboradores globalmente. Seus principais clientes são instituições financeiras, empresas de seguros, varejo, telecom, fintechs, e-commerce, indústrias e PMEs (pequenas e médias empresas).
“Fico feliz com a oportunidade de liderar equipes tão talentosas. Espero aproveitar a base excepcional estabelecida por Juarez para continuar fortalecendo a confiança entre empresas e consumidores”, afirmou Musolino no comunicado.
O executivo tem mestrado em Administração de Empresas pela Fundação Dom Cabral, é graduado e certificado em Administração de Empresas pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais e bacharel em Engenharia Industrial pela Faculdade de Engenharia Industrial.
Cenário do crédito
Dados fornecidos pela ANBC à Bloomberg Línea mostram que o Brasil começou 2025 com aumento da inadimplência em um cenário de juros elevados - a Selic está em 14,25% ao ano: 45,9% das pessoas físicas ficaram negativados em janeiro, um total estimado de 74,6 milhões de consumidores.
O valor médio da dívida cresceu 6,2%, para uma média de R$ 5.497 por pessoa. Segundo a entidade, 86% dos negativados são reincidentes (tinham restrições nos 12 meses anteriores).
Na esfera de pessoas jurídicas (PJs), 6,7 milhões de micro e pequenas empresas foram negativadas em janeiro, com 69% das empresas negativadas com restrições recentes. O Cadastro Positivo, implantado há cinco anos, tem 177 milhões de registros únicos.
A ferramenta reúne o histórico de pagamentos de consumidores e empresas, considerando dados de instituições financeiras, telecomunicações, energia.
Recentemente, os setores de saneamento e gás iniciaram projetos de implantação para fornecimento de dados para o Cadastro Positivo. O sistema oferece maior visibilidade para bons pagadores e melhora a análise de risco com o histórico de cada pessoa.
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