TransUnion muda comando no Brasil com foco em expansão e contrata ex-Neon e BTG

Ex-CRO do Neon, Fernando Musolino vai liderar a operação da companhia norte-americana de análise de crédito em substituição a Juarez Zortea, que decidiu se aposentar após mais de doze anos na operação

Sede da TransUnion no Brasil ocupa 10º andar da torre norte do Cetenco Plaza, na Avenida Paulista
14 de Abril, 2025 | 09:15 AM

Bloomberg Línea — A TransUnion (TRU), companhia norte-americana de análise de crédito, acaba de mudar o comando de seu bureau no Brasil, um mercado disputado com as datatechs Serasa Experian, SPC Brasil, Equifax e Quod.

Ex-CRO (Chief Risk Officer) e Head of Credit Strategy & Analytics do Neon, Fernando Musolino será oficialmente anunciado nesta segunda-feira (14) como o novo presidente regional da TransUnion no país, segundo informação antecipada à Bloomberg Línea.

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Antes do Neon (entre agosto de 2023 e dezembro de 2024), o executivo teve passagem pelo BTG Pactual (BPAC11), entre abril de 2021 e julho de 2023, como diretor executivo na área de crédito.

Também foi CFO da RCB Investimentos, empresa de recuperação de crédito do Bradesco (BBDC4), entre junho de 2019 e março de 2021, segundo seu perfil no LinkedIn.

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Musolino substitui Juarez Zortea, que decidiu se aposentar após doze anos e meio na companhia, tendo iniciado como general manager em novembro de 2012 e como presidente regional do bureau de crédito em setembro de 2013. O executivo deve agora exercer o papel de consultor da TransUnion, segundo a nota.

“Musolino irá liderar os negócios da TransUnion no Brasil, definindo a visão estratégica para o país, com foco em impulsionar o crescimento contínuo da companhia e a construção de relacionamento com os clientes”, informou a companhia.

Atualmente, o mercado brasileiro de agências de proteção ao crédito é liderado pela Serasa, cujo controle acionário foi adquirido pelo grupo irlandês Experian em 2007. Em 2023, a norte-americana Equifax comprou a Boa Vista Serviços, segundo maior bureau de crédito do Brasil.

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Nos EUA, TransUnion, Experian e Equifax são considerados os três principais players entre as datatechs de análise de dados de crédito, ferramenta valiosa a instituições financeiras e outras empresas na tomada de decisões sobre a concessão de empréstimos e financiamento e gestão de risco.

Fernando Musolino, novo presidente regional da TransUnion no Brasil

A TransUnion, com sede em Chicago, começou a atuar no Brasil em 2012 após adquirir a Crivo Sistemas em Informática, empresa de análise de crédito.

Em 2022, tornou-se membro da ANBC (Associação Nacional dos Bureaus de Crédito) após o Banco Central autorizá-la como uma das gestoras do Cadastro Positivo, banco de dados do histórico de pagamentos de indivíduos e empresas. Zortea integra o conselho da ANBC.

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“Musolino é um especialista em todo o ciclo de crédito e estamos entusiasmados em dar boas-vindas à sua liderança em nossas operações no Brasil”, disse Todd Skinner, presidente internacional da TransUnion, na nota.

A companhia tem presença em mais de 30 países, contando com mais de 13.000 colaboradores globalmente. Seus principais clientes são instituições financeiras, empresas de seguros, varejo, telecom, fintechs, e-commerce, indústrias e PMEs (pequenas e médias empresas).

“Fico feliz com a oportunidade de liderar equipes tão talentosas. Espero aproveitar a base excepcional estabelecida por Juarez para continuar fortalecendo a confiança entre empresas e consumidores”, afirmou Musolino no comunicado.

O executivo tem mestrado em Administração de Empresas pela Fundação Dom Cabral, é graduado e certificado em Administração de Empresas pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais e bacharel em Engenharia Industrial pela Faculdade de Engenharia Industrial.

Cenário do crédito

Dados fornecidos pela ANBC à Bloomberg Línea mostram que o Brasil começou 2025 com aumento da inadimplência em um cenário de juros elevados - a Selic está em 14,25% ao ano: 45,9% das pessoas físicas ficaram negativados em janeiro, um total estimado de 74,6 milhões de consumidores.

O valor médio da dívida cresceu 6,2%, para uma média de R$ 5.497 por pessoa. Segundo a entidade, 86% dos negativados são reincidentes (tinham restrições nos 12 meses anteriores).

Na esfera de pessoas jurídicas (PJs), 6,7 milhões de micro e pequenas empresas foram negativadas em janeiro, com 69% das empresas negativadas com restrições recentes. O Cadastro Positivo, implantado há cinco anos, tem 177 milhões de registros únicos.

A ferramenta reúne o histórico de pagamentos de consumidores e empresas, considerando dados de instituições financeiras, telecomunicações, energia.

Recentemente, os setores de saneamento e gás iniciaram projetos de implantação para fornecimento de dados para o Cadastro Positivo. O sistema oferece maior visibilidade para bons pagadores e melhora a análise de risco com o histórico de cada pessoa.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.