Bloomberg — O BTG Pactual assinou um acordo para comprar um multifamily office com sede no Rio de Janeiro em meio a uma onda de aquisições com o objetivo de se tornar o maior gestor de fortunas da América Latina.
O banco liderado por André Esteves e Roberto Sallouti concordou em comprar a unidade de gestão de fortunas da JGP Asset Management, com R$ 18 bilhões em ativos, disse à Bloomberg News Rogério Pessoa, sócio responsável pela área de wealth management.
O preço do negócio não foi divulgado. Com a aquisição, o BTG passará a contar com cerca de R$ 120 bilhões em ativos em seus negócios de family office, disse ele.
A JGP foi cofundada em 1998 pelo lendário gestor André Jakurski, que se tornará chairman do comitê de investimentos da unidade de family office do BTG Pactual. Ele manterá seu cargo de diretor na JGP Asset Management, que será mantida como uma empresa independente com foco em gestão de fundos.
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Ironicamente, Jakurski foi um dos cofundadores do Banco Pactual em 1983, que duas décadas e meia mais tarde se tornou o BTG Pactual.
Jakurski foi inclusive mentor do presidente do conselho e maior acionista do BTG, André Esteves, que certa vez disse: “Ele foi meu sócio por muitos anos, meu chefe e o pai do DNA de gestão de risco do banco, [o que] é motivo de orgulho”.
O acordo do BTG Pactual com a JGP ocorre após a recente aquisição da unidade brasileira do Julius Baer Group, concluída em 28 de março e que aumentou o número de funcionários da unidade de gestão de fortunas de 450 para mais de 500, segundo Pessoa.
Em setembro do ano passado, o BTG adquiriu o multifamily office Greytown Advisors, com sede em Miami.
“As oportunidades surgiram e temos a estrutura necessária para sermos um consolidador no mercado”, disse Pessoa. Ele acrescentou que o banco continuará a buscar aquisições entre multifamily offices que atendem clientes latino-americanos, no Brasil e no exterior.
“Na gestão de fortunas, você precisa crescer e ter escala, e isso é caro”, disse ele.
O BTG Pactual (BPAC11) tinha R$ 1 trilhão (ou cerca de US$ 170 bilhões) em patrimônio sob gestão no fim do primeiro trimestre.
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O JPMorgan, um dos maiores players entre clientes latino-americanos ricos, tinha cerca de US$ 220 bilhões de clientes da região, disse Edinardo Figueiredo, CEO para a América Latina e o grupo de famílias globais do JPMorgan Private Bank, em fevereiro.
Pessoa disse que nada muda para os clientes do Julius Baer no Brasil e da JGP Wealth Management, o que inclui os assessores com os quais eles conversam e a instituição financeira que escolheram para ter seus ativos sob custódia.
O Citigroup disse que a aquisição “pode ser positiva” do “ponto de vista estratégico”, em um relatório a clientes assinado por Gustavo Schroden e sua equipe de analistas. Ele citou o “poder de negociação e as habilidades de alocação de capital do BTG que vieram à tona”.
Embora não haja divulgação do preço, “os últimos trimestres foram fracos para o setor de gestão de ativos no Brasil, e por isso não descartamos um preço razoável pago pelos ativos”, disseram os analistas no relatório.
Pessoa disse concordar que os mercados de capitais latino-americanos “não tiveram grandes criações de riqueza nos últimos anos”, visto que não houve oferta pública inicial (IPO) no Brasil desde 2021 e que a oferta de ações na América Latina totalizou apenas US$ 1,8 bilhão neste ano, uma queda de 8% em relação a 2024, segundo dados compilados pela Bloomberg.
“Mas tivemos transações de fusões e aquisições que trouxeram liquidez aos proprietários das empresas”, disse ele, que acrescentou que o banco quer estar preparado para o momento em que os mercados de ações voltarem à ativa.
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