Bloomberg — Os bilionários investidores Bill Ackman e Stanley Druckenmiller condenaram a decisão do presidente Donald Trump de lançar tarifas globais expansivas, que mergulharam os mercados no caos.
O novo regime comercial é um “erro”, disse Ackman, fundador da Pershing Square e partidário declarado de Trump, em um post no X.
Druckenmiller, ex-protegido de George Soros e “falcão do déficit fiscal” de longa data, também foi à plataforma social para escrever um raro post em que expande as críticas que fez às políticas então prometidas em uma entrevista em janeiro.
“Não apoio tarifas superiores a 10%, o que deixei bem claro na entrevista que você cita”, escreveu Druckenmiller no domingo (6), em resposta a um vídeo de uma entrevista anterior com a CNBC. A Bloomberg News não conseguiu verificar de forma independente esse relato.
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O aumento das críticas - inclusive do aliado de Trump, Ackman - ocorreu no momento em que o presidente americano não ofereceu nenhuma indicação de que estava preparado para reverter a sua política comercial punitiva, prevista para começar em 9 de abril e que atingiu duramente os mercados.
"Acredito firmemente que o lançamento de tarifas em 9 de abril contra o mundo inteiro - muito além do que nos está sendo cobrado - é um erro", escreveu Ackman em um post no X.
Para Ackman, um dos investidores mais respeitados dos EUA, os comentários marcam a divergência mais acentuada já feita por um dos principais apoiadores de Wall Street do presidente, que anunciou seu apoio a Trump após uma tentativa de assassinato em julho, durante a campanha.
Os comentários da dupla se somam às manifestações públicas anteriores do fundador do maior fundo hedge do mundo, a Bridgewater Associates, Ray Dalio, que disse que “as consequências de primeira ordem deles serão significativamente estagflacionárias para os EUA”.
Uma pausa de 90 dias foi necessária para dar a Trump tempo para “resolver cuidadosa e estrategicamente nossa posição comercial global historicamente injusta”, de acordo com o post de Ackman.
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Nem Ackman nem a Pershing Square têm qualquer alavancagem de margem ou outros instrumentos que possam criar problemas de liquidez se o mercado cair ainda mais. “Não usamos margem. Nunca usamos. Nunca usaremos”, acrescentou.
A Pershing Square tem apenas um investimento - opções de compra de 3 anos da Nike - diretamente afetado pelas tarifas, uma posição que representa 1,5% do portfólio da empresa, disse ele.
Ackman disse que a empresa não seria “vendedora em um mercado em declínio”, mesmo que tenha perdas de marcação a mercado se o mercado cair.
"Seremos compradores de grandes empresas a preços com grandes descontos, o que beneficiará a nós e a nossos investidores no longo prazo", segundo o post.
Ackman disse que a tentativa de Trump de fechar acordos enquanto o mercado está em colapso não ajuda sua posição de negociação.
"Quem quer que esteja recomendando essa ideia ao nosso presidente deveria ser demitido imediatamente", acrescentou.
-- Com a colaboração de Natalie Choy e Anshuman Daga.
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