Bloomberg — O J. Safra Sarasin, banco de gestão de patrimônio - wealth management - do grupo Safra com base na Suíça, concordou em comprar 70% do Saxo Bank da Dinamarca, em um dos maiores negócios de bancos privados dos últimos anos.
O Safra disse que a aquisição avalia o Saxo Bank, uma empresa de trading e investimentos em plataforma digital, em 1,6 bilhão de euros (US$ 1,7 bilhão), o que implica um preço de compra de cerca de 1,1 bilhão de euros.
Isso a tornaria a segunda maior transação já realizada pela empresa suíça. O anúncio confirma uma informação antecipada pela Bloomberg News no mês passado, segundo a qual a J. Safra Sarasin estava em negociações com o Saxo Bank.
"Esta é uma aquisição transformadora que nos posicionará para o futuro da gestão de patrimônio", disse Daniel Belfer, CEO do J. Safra Sarasin.
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“Essa aquisição estratégica representa um marco significativo para o J. Safra Sarasin. Ela cria novas oportunidades para expansão e aumenta ainda mais nossa vantagem competitiva”, disse Jacob J. Safra, chairman do J. Safra Sarasin, em comunicado.
O banco suíço faz parte de um império bancário familiar que abrange o Brasil, a Suíça e os Estados Unidos. O acordo mais recente permitirá que o Safra Sarasin diversifique sua base de clientes, pois as duas instituições operam principalmente em segmentos de clientes diferentes, disse Belfer.
O Safra tem como clientes pessoas físicas que são ultra high net worth e high net worth, enquanto o Saxo opera principalmente no segmento de varejo.
O acordo resulta em uma união entre bancos tradicionais e gestão de ativos, e fintech. O Saxo tem cerca de US$ 118 bilhões em ativos de clientes, cerca de metade dos US$ 247 bilhões supervisionados pelo J. Safra Sarasin.
A transação ocorre no momento em que os lucros recordes nas finanças europeias alimentam uma onda de propostas de negócios e M&A, da Espanha à Itália e à Alemanha.
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O negócio também é outro exemplo de consolidação adicional no mundo dos bancos privados e da gestão de ativos.
Na Suíça, houve algumas operações menores recentemente, como o acordo da EFG International para comprar a Cité Gestion. No ano passado, o Julius Baer também explorou uma possível aquisição do EFG.
No Reino Unido, um consórcio de private equity comprou a plataforma de investimentos Hargreaves Lansdown, que é uma empresa semelhante ao Saxo Bank.
O negócio do Saxo Bank tem sido altamente disputado, com patrocinadores financeiros como Altor e Centerbridge, bem como a Interactive Brokers, demonstrando interesse na empresa, informou a Bloomberg News. O Saxo disse no ano passado que havia contratado o Goldman Sachs para explorar uma venda.
A participação do Saxo que agora muda de mãos era anteriormente detida pela Geely Financials Denmark, uma subsidiária da Zhejiang Geely Holding Group, e pelo Mandatum Group, de acordo com um comunicado nesta segunda-feira (10).
O fundador e diretor executivo do Saxo, Kim Fournais, continuará como CEO e manterá cerca de 28% do Saxo, que continuará a operar como entidade autônoma.
A empresa dinamarquesa foi criada em 1992 e administrada pelos co-fundadores Fournais e Lars Seier Christensen, que a transformaram em uma das maiores plataformas de negociação da Europa. Em 2017, Seier Christensen deixou o banco e vendeu sua participação para a Geely.
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J. Safra Sarasin estuda aquisição do Saxo Bank da Dinamarca, dizem fontes